A eterna sombra de um ídolo


Nos últimos dias tem-se discutido muito a figura do ídolo para um clube de futebol. Nós cruzeirenses vimos com muita alegria e euforia a volta aos gramados de Sorín, o argentino-mineiro, como costumam dizer por aí.  Ano passado, ainda em recuperação, recebemos o nosso eterno camisa 6 – “eterno” como Nonato, outro excepcional jogador -, que chegava sem falsas promessas, apenas com a certeza de muita vontade e determinação para novamente jogar futebol.

Vimos também a volta de Fred para o Brasil, mas não para o Cruzeiro. O goleador acertou com o Fluminense, infelizmente. Não vale ficar lamentando agora. Já temos outro grande atacante, o Gladiador Kléber. De pavio curto, é verdade, mas com muita raça, força e talento. Falta colocar a cabeça no lugar. E nos resta torcer para que a Conmebol pegue leve nas suas suspensões. O dinheiro falou mais alto, e quanto a isso não vou entrar em discussão.

E como não falar de Ronaldo, um dia chamado de “Fenômeno”? Ele foi sem dúvida um dos melhores jogadores que vi atuar. Aprendi a admirar a força de vontade com a qual ele sempre superou as expectativas e calou os críticos que duvidavam de suas inúmeras voltas. O que ele fez está guardado na história e ninguém pode apagar. Os lances geniais e os gols antológicos estarão sempre em nossas memórias.

Polêmicas à parte, as declarações de Ronaldo sobre “passar fome” não foram tão sérias como pareceram sob a ótica da resposta do presidente Zezé Perrella. Mas mesmo assim foram feitas com certo desdém. E o que não podemos tolerar, amigos cruzeirenses, é a ingratidão. O clube que o projetou para o mundo, que deu toda estrutura para sua carreira explodir de vez não merece ser esquecido da forma como é. Falar de Flamengo, aquele mesmo clube que não pagava nem vale-transporte para o ainda garoto Ronaldo treinar?

No lado oposto da moeda, prefiro ressaltar o craque Alex, a grande estrela da Tríplice Coroa de 2003. Constantemente vemos Alex comentar em seu blog oficial sobre o Cruzeiro: já destacou os aniversários do clube, os elencos formados, as situações nos mais diversos campeonatos, entre outros assuntos. Isso tudo de longe, lá da Turquia. Não vende ilusões, dizendo que encerrará a carreira aqui, mas diz ter vontade de jogar pelo Cruzeiro novamente. Não agora, é claro, mas num futuro próximo, talvez.

No último domingo, o Talento Azul completou 800 jogos em sua carreira – 121 pelo Cruzeiro, 77 vitórias e 64 gols. Aproveito para relatar uma breve história contada recentemente por um amigo meu, que está na Inglaterra. Meu xará Fred, mais conhecido como Mickey, conversou com um turco:

– Você gosta de futebol? – perguntou o turco
– Claro, eu amo futebol – respondeu o meu amigo

Já sabendo que meu amigo é brasileiro, o turco completou:

– Você conhece o Cruzeiro, o Alex?

Não é necessário que eu termine de relatar a conversa entre os dois. O outro Fred também é cruzeirense fanático como eu e é fácil imaginar que o assunto rendeu.

O que isso nos mostra? A grandeza de espírito do verdadeiro ídolo que é o Alex, um jogador sensato como poucos. Mesmo na Turquia sempre elevando o nome do Cruzeiro mundialmente.

Da mesma forma, Sorín, citado no começo desse artigo, é outro verdadeiro ídolo cruzeirense, que mesmo em grandes clubes da Europa jamais se esqueceu do Cruzeiro, do carinho que a torcida tem por ele.

Que as imagens de Alex e Sorín perdurem em nossos corações eternamente. É com jogadores como esses que construímos a nossa história, a nossa memória. Que Sorín possa nos dar muitas alegrias nesse retorno. E que Alex um dia realmente volte a vestir o manto estrelado.

Com esses dois, pra que vamos nos lembrar de Fred e Ronaldo?

Saudações celestes!