A trajetória e a consagração de um verdadeiro vencedor


A trajetória e a consagração de um verdadeiro vencedor - Cruzeiro Esporte Clube - Foto: Yuri Edmundo / Gazeta Press

A conquista do Tricampeonato Brasileiro consagrou alguns bons jogadores, e também fez com que outros provassem o seu valor. Um caso, em especial, me chama muito a atenção, e é sobre ele que quero falar. Mais do que qualquer um, este título teve um merecedor: o capitão Fábio.

Voltou em 2005 ao Cruzeiro, e com uma responsabilidade enorme nas mãos. Todos sabem que, tradicionalmente, temos grande escola de goleiros; muitos nomes excepcionais passaram por aqui e, para a torcida, não seria diferente. Já havia passado por aqui no ano 2000, por empréstimo; atuou pouco, mas fez parte do elenco campeão da Copa do Brasil.

A primeira impressão que deixou, não foi muito boa. Há quem o culpe pela eliminação contra o Paulista, na Copa do Brasil de 2005 (sou um dos que acha que ele errou na montagem da barreira). Mesmo assim, o goleiro estava destinado a dar sua primeira grande volta por cima. Na reta final do Brasileiro do mesmo ano, além de um excelente 2006 (eleito o melhor jogador do futebol mineiro, na temporada), o colocaram em um lugar de destaque nacional, havendo quem defendesse a sua convocação para a Seleção Brasileira já naquele ano.

Veio o ano de 2007 e, com ele, a segunda grande volta por cima. Um clássico, uma goleada sofrida, um gol vexatório e uma contusão no joelho, que o tirou de combate por alguns meses. Foi o suficiente para a ala mais radical da torcida celeste (aqueles que só sabem olhar as coisas ruins, nunca as boas) pedir a cabeça do goleiro. Ele trabalhou quieto, na sua, sem alarde e recuperou a confiança da maioria. Novamente, um restante de 2007 e um 2008 incontestáveis.

A grande lembrança de 2009 é, de fato, a Libertadores que perdemos dentro de casa. Nessa final, no primeiro jogo, na Argentina, a Muralha Azul teve uma das maiores atuações de goleiro da história do Cruzeiro. Foi algo muito mais do que espetacular! Sem as brilhantes intervenções dele, já viríamos para BH com uma desvantagem nos primeiros noventa minutos. Veio o segundo jogo e, novamente, ele foi culpado pelo primeiro gol do Estudiantes, e pela consequente perda do título. Como um grande lutador que é, deu outra grande volta por cima e, novamente terminou 2009 e 2010 de forma incontestável, sendo eleito, no último ano, o melhor goleiro do Brasileirão.

Mas era sempre quase… Sempre batíamos na trave. Não, não era culpa dele; às vezes, tudo tem o momento exato para acontecer. Por mais que a situação estivesse ruim, ele sempre manteve a segurança, a confiança, a fé. Foi um literal capitão, nos bons e maus momentos, e hoje colhe frutos de sua perseverança, e com todos os méritos. Novamente, incontestável, é o melhor goleiro do país. Seleção Brasileira? Quem se importa? Sua seleção chama-se Cruzeiro Esporte Clube.

É claro que você não conquistou tudo sozinho, mas sua trajetória é exemplo, não só no futebol, mas na vida. Aquele cara que chegou com expectativas, teve que remar contra desconfiança e rejeitou muitas propostas extremamente vantajosas, porque tinha o objetivo de conquistar coisas grandes aqui, hoje consegue o que sempre quis: fazer história com a camisa Celeste. Pode ter certeza, você é um dos heróis (talvez, o maior) dessa nova geração de Cruzeirenses.

E mesmo que você goste de salientar que a glória não é sua, eu reitero: obrigado, Fábio.