APRENDER A NOCAUTEAR – CSA 1 X 1 CRUZEIRO – Brasileirão 2019


O boxe é um esporte que sempre gostei. Foi na academia do grande professor Luiz que aprendi a dinâmica da luta, que envolve não só técnica e força, mas também estratégia. Apanhei mais do que bati, mas aprendi muito. O momento certo de atacar é tão importante quanto escolher o melhor golpe.

Há poucos meses assisti importante luta de um boxeador brasileiro que gosto muito, medalhista olímpico, inclusive. Ele alia grande técnica a força física, porém nessa luta não traçou a melhor estratégia. Ganhou com folga os quatro primeiros rounds, mas empatou ou perdeu os seguintes, até ser derrotado por pontos, de forma incontestável, ao final dos doze períodos. Seu gás acabou, e os jabs do adversário castigaram o brasileiro.

Longe de mim achar que o CSA propositadamente atraiu o Cruzeiro para ganhar no contragolpe ou cansaço do Cruzeiro na partida contra o time  alagoano. O fortuito gol aconteceu após o time do CSA ir pra cima, da forma que conseguia, quase rastejando em busca de um soco vencedor, e conseguiu um cruzado importante com ajuda do adversário.

Antiga Era

O Cruzeiro de Mano Menezes preferia adotar a estratégia dos excepcionais Floyd Mayweather e Muhammadi Ali, este ídolo dos que têm mais de 50. Os maiores boxeadores das categorias meio-médio e peso-pesado, respectivamente, esperavam o adversário e ofereciam contragolpes rápidos e mortais. O problema é que os contragolpes do Cruzeiro ficaram cada vez menos rápidos e previsíveis. Percebendo isso, os adversários começaram a chamar, “vem me bater”, mas o boxeador de calção azul não mais conseguia acertar os adversários. Foram sete lutas sem um soco sequer. Temos que admitir que é uma situação vexatória, seja no boxe ou no futebol.

Nova Era

Espero que o Rogério Ceni, observador e crítico, saiba dosar o momento de atacar com a estratégia de defesa eficiente. Saber ganhar a luta é importante, e assim como no boxe, esse momento aparece, e quem não aproveita pode levar um nocaute ou golpe que faça estragos irreparáveis na autoestima azul.

Pontos escapando

Foi decepcionante ver o Cruzeiro com chances de nocaute, mas sem força física para tal. David tentava puxar o time pra frente para encurralar o adversário nas cordas, mas os companheiros, com meias arriadas, ou luvas já frouxas, observavam as ações do meio de campo, esperando a vitória por pontos (tão escassos no Brasileirão).

Fato é que nosso grande Cruzeiro, de ataque rápido e rasteiro, perdeu essa característica nos últimos anos.

Que o nosso novo técnico saiba dosar a característica de cada atleta. Não dá pra esperar que nossos nocauteadores mais experientes sustentem a vitória por 12 exaustivos rounds.

Por: Thiago Soraggi – @thiagosoraggi