Cobranças exageradas não vão levar a lugar algum


Salve nação celeste! É inegável que todo mundo está chateado com a atuação e, principalmente, com o resultado do Cruzeiro ontem. Sem sombra de dúvida, o momento é de repensar se alguns jogadores devem permanecer vestindo a camisa azul, quais posições necessitam de reforços e, até mesmo, se o técnico Adílson Batista deve continuar no comando do clube  (EU como defensor do trabalho dele ACREDITO que sim). 

Todavia, a implicância com determinados jogadores e a necessidade de selecionar alguns culpados beira o ridículo. Quem perdeu ontem foi o Cruzeiro! Todos que entraram em campo, em Ipatinga e no Mineirão, tem sua parcela de culpa e apontar apenas um ou outro jogador pela eliminação não é justo com a carreira de ninguém.

Lembremos 2006, França X Brasil na Copa do Mundo. Show de bola da seleção europeia. O gol, no entanto, saiu em uma falha de Roberto Carlos, massacrado pela mídia. Foi o Roberto Carlos o pior em campo naquele dia? Seria ele o pior lateral esquerdo do mundo? Só ele que errou naquela partida? Se os outros dez tivessem jogando o fino da bola, o Brasil sairia de campo sem marcar um gol sequer?

É óbvio que não. Dizer que Gil não presta porque errou na tentativa de afastar a bola na jogada do primeiro gol, que Pedro Ken não serve para o Cruzeiro porque permitiu que Danilo Dias marcasse o segundo e que Wellington Paulista deve ser dispensado porque perdeu um gol debaixo da trave não deve ser critério para avaliar a permanência de atleta algum no clube. O que se tem que avaliar é um trabalho. É o tanto que estes atletas tem potencial para oferecer. O quanto cumprem as determinações do treinador. E isso não cabe ao torcedor fazer, mas sim a quem acompanha, lá de dentro, o dia a dia do clube.

A birra com Pedro Ken, por exemplo, é algo que não dá para entender. O jogador foi um dos mais lúcidos em campo ontem, mas a equipe não estava bem. Aí você entra no Orkut e a comunidade do Cruzeiro está cheia de torcedores entendidos massacrando o garoto.

Uma análise fria da partida de ontem mostra que o Cruzeiro, em poucos momentos na partida é verdade, tinha até condições de vencer o Ipatinga. Foi melhor no início do primeiro tempo quando perdeu algumas chances (Bernardo foi muito bem), mas depois se atrapalhou defensivamente e cometeu uma série de erros que se não fosse a ruindade do juiz culminariam em alguns gols do Ipatinga ainda na primeira etapa.

No retorno do intervalo as mexidas de Adílson não foram felizes. Já vimos várias vezes que os jogadores do Cruzeiro não respeitam posição e se alternam em funções durante a partida. Isto é uma característica que fez o time celeste ser um dos mais elogiados do país nos últimos anos, mas ontem não funcionou.

Mais uma vez o Cruzeiro foi melhor no início da etapa, mas a bola não chegava redondinha para Wellington Paulista que, equivocadamente, se precipitava em sair para buscar a bola deixando a área adversária. A partir do gol, o Cruzeiro se enervou e a expulsão de Thiago Heleno apenas complicou as coisas.

Perder faz parte do futebol, embora não seja esta a realidade celeste. Reconhecer os méritos do adversário também é importante, mas isso não apaga os erros da partida de ontem. No entanto, antes de expulsar alguém do Cruzeiro, é hora de somar os erros de ontem aos acertos e equívocos de situações anteriores e, aí sim, dimensionar quem deve ficar ou não. É preciso ser racional. Mas pedir racionalidade a torcedores que tiveram coragem de vaiar Alex em 2004 talvez seja algo demais.