Memória Celeste: Como nasceu a Rivalidade no Clássico


Não é nenhuma novidade que o Clube Atlético é mais velho do que o Cruzeiro, que nasceu em janeiro de 1921, enquanto o outro time existia desde sabe-se lá quando (e tenho muita preguiça de ir até o Google confirmar a data do centenário dos alvinegros, mas me lembro que foi na década passada). Mas o que pouca gente sabe é que, na história dos clássicos, a supremacia de cada um dos times foi bem delineada através dos tempos. E, quando o Mineirão foi inaugurado, era a vez do Cruzeiro se firmar como o Maior de Minas.

A rivalidade, mesmo, começou a se firmar nos anos 50. Mas com apenas sete anos de idade, em 1928, o Cruzeiro já tinha se sagrado campeão mineiro, e foi inconteste tricampeão somando-se os dois anos seguintes. Depois da inauguração do mais mineiro dos estádios, em 1965, a rivalidade entre Cruzeiro e Clube Atlético tomou forma em verdadeiras batalhas em campo.

O que a massa alvinegra não contava, no entanto, era com a máquina em que havia se tornado o time celeste. Uma equipe de muitos talentos, formada por lendas do futebol como Raul, Dirceu Lopes, Piazza, Tostão e Natal deu ao mais sensacional time mineiro cinco títulos regionais consecutivos, deixando o Clube Atlético amargar a vice-liderança durante o período de 1965 a 1969.

Segundo o site da FIFA, o técnico do Atlético em 1967, Fleitas Solich, declarou que “perder uma final nunca é bom, mas perder para o maior rival realmente machuca”. Ele estava se referindo a uma melhor de três em que o Cruzeiro havia ganhado os dois primeiros jogos por 3×1 e 3×0, já acostumando a imensa China azul a ver o rival sofrer as celestes goleadas.

Os anos passaram e as décadas se misturaram entre soberania celeste e alvinegra conforme novas seleções regionais fossem montadas, e nos últimos anos essa soberania foi do Cruzeiro, de forma inconteste. E no próximo domingo o time da Toca volta a enfrentar o seu maior rival regional por outro tipo de competição, o campeonato nacional, mas leva para o vestiário muitos anos de tradição e conquistas que podem mudar os rumos do jogo – mesmo em uma fase crítica onde o time alvinegro celebra uma ótima fase no Brasileiro.

Se esse vai ser mais um clássico inesquecível para marcar a rivalidade entre Cruzeiro x Clube Atlético, só o tempo dirá. A expectativa da torcida cruzeirense é de que seus jogadores entrem em campo com raça, gana e uma vontade imensa de manter a tradição goleadora e de muito sofrimento ao outro lado da lagoa. Afinal, é no campo que se resolve as coisas do futebol. Mas uma coisa é certa: se a camisa fosse o único ingrediente que pudesse ganhar um jogo não há dúvidas que o caçula de Belo Horizonte seria campeão para sempre.

Foto: Em pé a partir da esq. Vanderlei que entrou no lugar de Neco, Fontana no lugar de Procopio, Pedro Paulo, Piazza, Mario Tito no lugar de Willian e Raul. Agachados: Natal, Zé Carlos, Tostão, Dirceu Lopes e Rodrigues que entrou no lugar de Hilton Oliveira.