A epopeia de Fábio – Capítulo Final: a consagração de um ídolo


Salve, pentacampeões!

Tanto sonhamos para que o dia 27 chegasse, e o único desejo era que este dia não acabasse tão cedo. O Cruzeiro, após confronto equilibrado contra o Flamengo, bateu a equipe carioca na disputa de pênaltis por 5×3, sagrando-se campeão da Copa do Brasil, e assegurando a objetivada vaga para a fase de grupos da Taça Libertadores 2018. O Cruzeiro se agigantou fase após fase, ganhando força, ganhando corpo e provando que tinha colhão para ser campeão.

O objetivo desse texto, porém, não é só falar sobre a conquista celeste, mas exaltar um nome que merece todos os créditos por ser tão decisivo em todas as fases do certame: o goleiro Fábio.

Fábio viveu em uma montanha russa desde que chegou ao Cruzeiro. Em 2005, foi criticado na eliminação nas semifinais da Copa do Brasil daquele ano, contra o Paulista; em 2007, em um clássico que valia o Campeonato Mineiro, sofreu o icônico gol de costas. Já entre 2008 e 2011, o camisa 1 viveu o seu ápice de forma técnica, com partidas memoráveis como, por exemplo, a primeira da final da Libertadores de 2009 contra o Estudiantes (a qual considero uma das melhores atuações de goleiro da história da competição), e não seria absurdo que o seu nome estivesse na Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo de 2010. Essa chance, porém, não veio.

Voltou a ter grande destaque na conquista do Campeonato Brasileiro de 2013, figurando sempre no top 5 dos goleiros que tem a maior média de defesas por chute a gol. As suas exibições, no entanto, eram ofuscadas pela magia do ataque celeste daquele ano, que fazia com que o setor defensivo (e isso inclui o goleiro) fosse considerado em segundo plano. Em 2014, novamente: o Cruzeiro teve um conjunto tão avassalador, que vários nomes eram lembrados primordialmente, menos o do camisa 1: Fábio era o capitão, mas não era o craque do time, era “apenas” um dos.

Nas temporadas de 2015 e 2016, onde o Cruzeiro não conseguiu render o que a torcida esperava, Fábio voltou a ser questionado. No meio da temporada passada, o mais duro golpe: uma lesão que o tiraria dos gramados por cerca de 8 meses. Neste tempo, Rafael assumiu magistralmente a condição de titular, tendo um desempenho muito bom. Após voltar a ter condições de jogo, o camisa 1 pediu para não ser avaliado pelo que ele já fez, mas pelo desempenho atual, e ainda disse que aceitaria a reserva se estivesse em condições inferiores.

Coube ao destino, ou a Deus, como o próprio Fábio gosta de ressaltar nas suas entrevistas, reservar um momento de protagonismo total ao jogador com o maior número de jogos com a camisa celeste, justamente após este momento complicado. E ele merecia. Precisava ser exaltado por representar tanto ao torcedor celeste. E o dia da consagração chegou.

Contra a Chapecoense, contra o Grêmio, contra o Flamengo… O Cruzeiro esteve a ponto de deixar ser batido diversas vezes ao longo do caminho. Porém todas essas equipes pararam na verdadeira Muralha. Fábio foi um monstro, tanto no tempo normal, com defesas espetaculares em momentos cruciais das partidas, e nas disputas de pênaltis que viriam nas duas últimas fases. E ele não defendeu pênaltis de qualquer um, é bom se ressaltar: na semifinal, parou Luan; na final, parou Diego.

Fábio merece ser reverenciado. Sim, reverenciado. Por toda a torcida celeste. Claro que nenhum jogador será unanimidade, ainda mais no meio de 8 milhões de torcedores, mas até aqueles que não gostam, seja do desempenho, seja da falta de provocações aos adversários ou por qualquer outro motivo, devem aplaudi-lo de pé pelo título que veio das mãos dele. Esse protagonismo é totalmente merecido. Sempre que nos lembrarmos da Copa do Brasil de 2017, em qualquer momento das nossas vidas, nos lembraremos do porquê chegamos ao penta: por tua causa, Fábio.

Tudo isto é dito de alguém que, assumidamente, reconhece todas as críticas feitas a você durante todo esse tempo de Cruzeiro, mas principalmente entre 2014 e 2016. Sim, eu fui um dos que criticou bastante algumas atuações. Pedi a continuidade do trabalho de Rafael. A renovação no gol celeste. Não posso afirmar se a equipe seria campeã da mesma forma com Rafael no gol. Talvez até fosse. Mas ninguém merecia mais os louros de uma conquista tão importante como Fábio mereceu. Como Fábio merece. E se alguém insiste ainda em não gostar do camisa 1, tá tudo bem; mas você vai ter que respeitá-lo, indiscutivelmente.

Se um dia eu puder lhe encontrar pessoalmente, eu só tenho uma frase na mente a dizer: “obrigado pelo que você fez no dia 27 de setembro”. Sou um privilegiado por presenciar tudo isso in loco. E só houve esse tudo isso porque você proporcionou.

Todos nós somos Pentacampeões; porém você, Fábio, é o maior de todos.

Por: Pedro Henrique Paraíso