Cruzeiro 2017: Jogando por obrigação


Não é só futebol. A frase clichê utilizada por todos os fãs do esporte, define muito bem a relação que nós, torcedores, temos com o nosso time. Nunca é só um jogo, só três pontos, só um resultado. Futebol é amor, energia, é quase transcender conforme a bola corre nas quatro linhas. É crer-se capaz de mudar o panorama de um jogo com a voz, com a fé, com a alma.

Em nome do esporte, incrédulos apelam a Deus e estádios ouvem mais promessas que igrejas. Pessoas riem e choram quase que ao mesmo tempo e a palavra sanidade perde todo o contexto.

E é isso que esperamos do futebol. Que mais que jogado, seja sentido. Que traga emoção, que os jogadores que têm a bola nos pés entendam que, embora os corpos deles estejam em campo, a bola é movida pelo grito de uma multidão.

Ninguém pagaria pra ver um burocrata assinando papeis durante 90 minutos. Ninguém quer ver um jogador que está ali para cumprir obrigação. E cumprir obrigação é o que o Cruzeiro tem feito. Jogado o básico para manter uma invencibilidade conquistada de maneira correta. Nada além disso.

Os gramados que foram altar de Tostão e Alex, hoje são palco de estrelas que ignoram o próprio brilho. Nada além do necessário é feito. E não que isso seja errado. E, de fato, não é. Goleadas e jogos tediosos valem os mesmos três pontos. Jogando o básico e vencendo pode fazer de um time campeão e -isto não se discute.

Mas pera aí, estamos falando de Cruzeiro. Estamos falando do time que tem como símbolo a constelação que brilha acima de qualquer outra no céu do Brasil. Um time que foi nascido e batizado num futebol que encanta e que além de vencer, convence a torcida e cala qualquer crítica. Jogar bonito não é uma escolha, é uma tradição.

No momento em que se apresenta o futebol correto, eu espero que seja feita mais que a obrigação. Que o talento não fique ofuscado pelo básico. Que vá além, que seja além do esperado. Que seja verdadeiramente Cruzeiro. Não me contento com “a conta do chá”. Porque futebol é amor. E amor transborda.

Por: Naty Andrade