A arte de agradar a torcida


Quem nunca errou que atire a primeira pedra. Permeado de erros, Adilson Baptista ainda assim sobrevive como técnico do Cruzeiro.

Não é o único, em um universo que cada vez mais os técnicos, mesmo cometendo erros, tem sido os protagonistas do futebol. Hoje, eles roubam a cena e, se sobressaem diante dos jogadores em um esporte carente de ídolos com amor pela camisa. Somente restou aos torcedores julgar os esportistas pelo profissionalismo, muitos preferem optar em escolher os treinadores como responsáveis pelo sucesso ou fracasso de um time.

No Cruzeiro de 2008 ninguém foi páreo para o treinador quando o assunto são as criticas. Alvo delas durante boa parte do ano, em campeonatos distintos e por razões diversas, Adilson quase jogou o chapéu. As críticas pesaram tanto que foi preciso paciência, muita paciência. Desequilíbrio? Imaturidade? Ou apenas, implicância? A verdade é que a “brincadeira” de treinar um dos mais importantes clubes de futebol do país saiu caro demais. Custaram a ele desgastes inesperados.

O treinador, vindo de times de pouca expressão no cenário esportivo, talvez não imaginasse que seria tão contestado como foi. Ídolo como jogador pôde ver que em se tratando de treinar, o buraco é mais em baixo e, as broncas chegam mais facilmente. A prova de fogo, no entanto, apareceu agora, quando ele é responsável por escalar um time de imensa torcida. Já quando o assunto é coragem, Adilson não deve ser contestado. Afinal, só ele a teve suficiente pra fazer substituições que se certas ou erradas, não importam. Ao menos se desagradam os torcedores. E no caso dele, como desagradou!

Mas Adilson se manteve firme nas suas substituições e quis mostrar que quem comanda e manda era ele. Equivocou-se. Quase perdeu o emprego quando foi eliminado na Libertadores da América e, começou a jogar de novo com a torcida. Os resultados então vieram e o time esteve jogando bem, sempre entre os quatro primeiros do Brasileirão. Durou pouco até o treinador pegar pra si a responsabilidade pelo ótimo momento e inventar de mexer demais. Com isso, abandonou a luta pelo titulo e quase perdeu a vaga na Libertadores.

Hoje, Adilson Baptista conta com a moral incondicional da diretoria. Resta saber se a intenção é ter o grupo nas mãos, o que seria ótimo. Ou se as medidas de renovar o contrato e der credibilidade ao treinador soa como ditadura. Adilson apesar de jovem, é um bom técnico e pode se acreditar no trabalho dele como vencedor. Mas pra estar em sintonia com a torcida e conseqüentemente com as vitórias, precisa buscar lições em 2008 : um time não é apenas o treinador. A receita de um time vencedor vem da mistura de treinador, jogadores, diretoria e torcida. Em se tratando de Cruzeiro acrescente também a história. E o técnico verá que o ingrediente mais importante está nas arquibancadas. Impossível vencer sem ele.