Cruzeiro e Once Caldas foi um verdadeiro top ten de erros


Salve nação celeste! Ser profeta do acontecido não é nada complicado. Dizer o que devia ter sido feito de diferente na noite da última quarta-feira após dormir e pensar bastante sobre o assunto, convenhamos é fácil.

A derrota para o Once Caldas entra para a galeria dos maiores vexames da história cruzeirense, é fato. Todavia, não é razão para uma caça às bruxas e para jogar no lixo todo o trabalho feito até aqui.

Fazer uma revisão sobre a fatídica noite do dia 04 de maio apontando os erros, no entanto, é um exercício válido. Reconhecer o que se fez de errado é crucial para corrigir os problemas e colocar o clube novamente na rota das vitórias, a tônica do primeiro semestre até o duelo contra o Once Caldas em Sete Lagoas.

Erro 1 – Soberba e arrogância

Todo time vitorioso tem dificuldade em administrar o ego. Mesmo o Cruzeiro de 2003 perdeu alguns jogos que ninguém esperava em função da auto-confiança (reparem nas derrotas daquele ano, a maioria para clubes da parte de baixo da tabela).

O Cruzeiro entrou em campo parecendo acreditar que o gol sairia a hora que quissesse e se esqueceu de pressionar o adversário. Quando acordou, estava sofrendo pressão e com dificuldades de obter a posse de bola. Libertadores não costuma perdoar este tipo de atitude.

Erro 2 – Acreditar que o adversário estava morto

Sejamos sinceros. Quem de nós pensou em um Once Caldas partindo para cima de forma compacta e eficiente como vimos?

Mesmo jogando mal na Colômbia, o Cruzeiro superou o adversário que demonstrou naquela partida uma ingenuidade tática terrível.

Nesta quarta, porém, a situação foi diferente e os colombianos mostraram entrosamento e força enquanto pensávamos que eram incapazes de jogar de forma organizada. Mesmo tendo uma equipe superior, o Cruzeiro foi surpreendido e não conseguiu anular um adversário que conseguiu anular os espaços e jogar no seu limite durante quase todos os 90 minutos.

Erro 3 – Conivência da arbitragem com a violência adversária

O Cruzeiro sofreu com a violência colombiana durante toda a partida. Nos minutos iniciais, Henrique foi agredido com violência no rosto pelo zagueiro rival enquanto seguia em direção ao gol e o juiz deu apenas um amarelo.

Os colombianos seguiram marcando forte e cometendo algumas faltas não marcadas, mas isto é Libertadores. Quando tentava revidar, o time celeste cometia faltas desnecessárias e acabava justificando ainda mais o jogo do Once Caldas.

Apanhar calado nunca é fácil e um Henrique desfigurado ao final da partida foi o principal sinal da violência sofrida. Um árbitro mais rigoroso poderia ter punido os adversários, mas, convenhamos, não se pode esperar nada disso em uma competição sul-americana.

Erro 4 – Roger, expulsão tola e reação da torcida

Irresponsável. Não existe termo menos grave do que este para definir a participação do armador Roger nesta partida.

O jogador vem de uma temporada espetacular e sempre é decisivo com seus passes precisos, mas a atuação contra o Once Caldas foi abaixo da crítica.

Dois cartões amarelos em lances desnecessários e expulsão no primeiro quarto da partida comprometeram o Cruzeiro em campo e a reação da torcida ao lance foi deplorável.

Não entendi até agora porque gritar o nome de Roger como um herói. A ação dele foi deplorável e não tinha nada que ser aclamado naquele momento. Sua atitude enervou o resto da equipe (os próprios colegas reconhecem isso) e foi decisiva para o desfecho que conhecemos.

Uma torcida que vaiou Alex por uma má atuação depois de 2003 tem a obrigação de não aplaudir uma irresponsabilidade deste tamanho. Já a diretoria, em nome do grupo, tem o dever de punir o jogador sob pena de perder o controle e não poder repreender mais nenhum atleta que leve um cartão vermelho no restante da temporada.

Erro 5 – Gol mal anulado de Gilberto

Quem não vibrou com o golaço do armador celeste? Quem não xingou ao ver aquela bandeira levantada anulando o mesmo gol segundos depois?

O erro do bandeirinha foi crucial no resultado, mas não apaga a má atuação celeste. O lance era difícil e uma equipe não pode depender de uma contingência dessas para vencer.

A crítica aqui, no entanto, se reverte em elogio, pois mesmo em desvantagem e contra uma verdadeira retranca o Cruzeiro conseguiu uma boa jogada que, por detalhe, foi mal anulada e acabou por nos prejudicar.

O espírito de luta desta jogada poderia mudar o resultado desta partida, mas para isto é necessário mantê-lo durante todo o jogo e não só na hora do desespero.

Erro 6 – O retorno precipitado de Pablo

Sinceramente acredito que Pablo não tinha condições de jogo nesta quarta-feira. Só isto explica a queda de nível do lateral-direito do Cruzeiro após retornar do Departamento Médico.

Pablo foi um dos pilares da boa campanha da defesa celeste na primeira fase e fez com que o lado direito da equipe melhorasse substancialmente em relação ao ano passado.

A ausência de Wallyson, que sempre lhe ajuda por aquele lado, pode ter pesado, mas a atuação de Pablo foi abaixo da crítica. O jogador tem potencial para se recuperar, mas nesta partida merecia ter sido substituído ainda no primeiro tempo.

Erro 7 – O pesado ataque com Farías e Ortigoza

A velocidade do ataque cruzeirense e a sua participação nas jogadas criadas no meio de campo foram aspectos fundamentais da boa campanha na primeira fase.

Sem Wallyson e Thiago Ribeiro, o Cruzeiro perde muito da sua movimentação, mas a situação ficou crítica com a dupla Farías e Ortigoza em campo.

Os dois foram praticamente nulos enquanto estiveram em campo juntos e não auxiliriam na marcação do Cruzeiro. O resultado foi um domínio das ações pelos colombianos e um Cruzeiro praticamente com 9 em campo desde o apito inicial.

Nos minutos iniciais a formação já demostrou não ser eficiente e a entrada de Dudu no ataque poderia mudar esta situação. O time não ganharia em marcação, mas pelo menos em velocidade podendo, assim, tirar a defesa do sufoco.

Erro 8 – Atacar de forma desordena após a expulsão colombiana

O Cruzeiro teve um bom momento na partida e este veio logo após a expulsão de Carbonero e a igualdade de jogadores em campo.

Com 10 contra 10, o time celeste melhorou o passe e parecia disposto a dominar o jogo, mas a pressão, feita de forma desordenada e desnecessária, acabou abrindo espaço para os contra-ataques.

O Once Caldas ficou ainda mais perigoso nestas jogadas e acabou conquistando os 2 gols. E pensar que o Cruzeiro não precisava de ir para cima, pois a vantagem era nossa…

Erro 9 – A dependência dos titulares

Perder jogadores por lesão faz parte da vida de um clube e não pode ser interpretado como um erro, mas é indiscutível que também é um fator que explica a derrota.

Sem Thiago Ribeiro, Wallyson e até mesmo Brandão, que na partida de ida ao menos se movimentou mais do que Farías e não ficou em impedimento constante como Ortigoza, o Cruzeiro sentiu a falta de entrosamento para a realização de jogadas ofensivas e mesmo para se defender, pois os titulares auxilia mais na marcação do que os que atuaram.

Os desfalques desestrutaram a equipe e o Cruzeiro não soube jogar com uma nova formação. O preço, infelizmente, foi cobrado.

Erro 10 – Cuca

Aplaudi o Cuca inúmeras vezes desde que o mesmo assumiu o Cruzeiro. Nosso treinador não é medroso e já conseguiu mudar algumas partidas por não ter medo de mexer quando é necessário, mas a postura nesta quarta foi completamente diferente.

Ortigoza e Farías não funcionaram bem contra o América de Teófilo Otoni e a insistência com a dupla se tornou injustificável logo nos minutos iniciais da partida. Uma substituição no ataque poderia ter sido feita antes da expulsão do Roger, mas o treinador esperou que ela acontecesse (lembrando que ninguém esperava uma atitude desta por parte do armador) para tentar ganhar o meio campo.

A entrada do Éverton foi tardia e, com o tempo, mostraria-se equivocada. Pablo vinha mal e a marcação pelo lado direito precisava melhorar. Era jogo para Leandro Guerreiro, mas Cuca não enxergou a necessidade de proteger a lateral que Pablo fazia.

Ao colocar Dudu, o treinador acertou, mas a mexida tinha que ter sido feita antes (ainda nos 11 contra 11). Já a entrada de André Dias foi para tentar, no sufoco, um gol que levasse aos penaltis. Legítima e poderia dar certo, mas não funcionou e o erro foi não ter se preocupado em ganhar o meio e proteger o lado direito para impedir os contra-ataques antes.

O erro maior, no entanto, estava por vir. A agressão ao Rentería foi patética. Desequilíbrio e minou a última chance cruzeirense de tentar alguma coisa. Assim como Roger, a atitude do treinador merece uma punição, mas esta tem que ser feita de forma a não desmoralizar o treinador com o elenco.

Conclusão

Cuca e toda a equipe tem crédito, mas, em geral, tudo deu errado nesta quarta. Em entrevista, Cuca disse que esta foi a pior partida do Cruzeiro no ano e é necessário dizer que boa parte da culpa por isto foi do próprio treinador.

Entretanto, alguns deles foram cruciais para isto. Roger e Pablo, de forma especial, mas isto faz parte do esporte. Ano passado, não fomos campeões brasileiros por 2 pontos e vários pontos foram perdidos por erros individuais.

Não é hora de pedir a cabeça de ninguém, mas de ter humildade e reconhecer as falhas. Saber ver e corrigir o que se faz de errado é a fórmula ideal para a composição de um vencedor. E vencer, todos sabemos, sempre foi a sina do Cruzeiro.