Cruzeiro e um time de mitos


Mito. No dicionário, traduz-se em personagem, fato ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza não obstante uma generalidade que se deve admitir. Em outra concepção, coisa ou pessoa que não existe, mas se supõe real. Que generalidade seria a do Cruzeiro? Que realidade é essa a que estamos?

Em alguns momentos, vendo o time do Cruzeiro, confesso achar que entrei no vídeo-game. As coisas funcionam com uma perfeição que não é nada comum na “vida real”, mas a resposta é que o time é mesmo transcendente.

Qual o maior dos mitos? No jogo contra o Santos, pra mim, os dois maiores foram Éverton Ribeiro e Dedé. O meia orquestrou, planejou, executou, deu seu toque de classe, correu, faltou apenas fazer chover. Que classe tem Éverton Ribeiro, não me canso de admirá-lo. Por sua simplicidade nas entrevistas, pelo seu talento com a bola nos pés.

Éverton se diferencia dos outros por sua condução de bola e movimentação inteligente. Abre espaços, sabe onde lançar a bola e está entrosadíssimo com os outros atletas celestes. Ele e Goulart são irmãos no mundo da bola, se complementam como a Coca-cola e o limão.

Já Dedé é mito por ser, apenas, Dedé. Aliás, talvez seja necessário que os próprios dicionários incluam a palavra Dedé como uma das concepções da palavra “mito”. Ele provavelmente, desde o ano passado, não foi o nosso zagueiro mais regular, mas insisto em dizer que ele é o mais importante.

Dedé inspira e transpira lealdade à camisa que veste. É um atleta completamente diferenciado, daquele que não vai conseguir colocar a cabeça no travesseiro com a mesma tranquilidade caso falhe numa jogada. Dedé não tira a camisa do clube nem para dormir. Contra o time santista, acho que ele fez a sua melhor partida com a camisa celeste. Seguro e incisivo, afastando sempre o perigo.

E se eu começar a falar de Henrique? Marcelo Oliveira? Lucas Silva? Willian, Dagoberto, Goulart e Fábio? Gilvan e Mattos? Dos 61 mil sócios? Haja texto! O time está recheado de ‘mitos’, que se redescobrem a cada dia evoluindo e fazendo todos os cruzeirenses acharem, de verdade, que este time é melhor que a seleção brasileira.

Fizemos parecer ser fácil um jogo contra um Santos entrosado e inspirado. O adversário fez um bom jogo, mas viu sua esperança de sair com os três pontos esvair-se assim que topou com mitos. Mitos de verdade.

O mérito maior, depois da diretoria, é de Marcelo Oliveira, que treina muito bem a equipe e faz uma gestão do plantel absolutamente sensacional. Todos que entram dão o sangue e há ótima convivência entre todos.

Por: Thalvanes Guimarães