Cruzeiro Esporte Clube: Saudades dos Anos 90 #FechadoComOCruzeiro


Cruzeiro Esporte Clube: Saudades dos Anos 90 #FechadoComOCruzeiro - Cruzeiro Esporte Clube

Não tenho saudades dos anos de 1990 porque aquela foi a década de mais conquistas da Raposa. Se bem que ganhar é muito bom e faz tempo – dez anos – que não comemoramos um título importante. A saudade daquele tempo é porque era mais fácil ser torcedor.

Naquela época a maior preocupação da minha vida de estudante e torcedora era apenas sair do colégio e escolher em qual posto de venda eu iria. Na maioria das vezes era na Praça Sete. Adorava aquela bagunça (só que não), ver todo tipo de gente passando pelo lugar mais conhecido da capital mineira. Nos jogos mais importantes chegava a perder quase o dia todo na fila. Em contrapartida conhecia muitos torcedores de todos os cantos da região metropolitana e até de outras cidades do interior.

Naquela época o torcedor não tinha que demonstrar seu conhecimento em contratos entre o clube e a empresa que administrava o estádio, quanto o clube teria de lucro, se lucraria com o tropeirão e o estacionamento. Não tinha que fazer contas para julgar se o Cruzeiro Sempre tem que ter 30 ou 50% de desconto. Lembro que naquela época apenas os clubes reclamavam das taxas cobradas pela Administração de Estádios de Minas Gerais (ADEMG) e pela Federação Mineira de Futebol.

Os jogos das categorias de base na década de 1990 não eram transmitidos pela TV e só conhecíamos as jovens promessas quando estas tinham uma chance no profissional. Foi assim com o Fenômeno! Ninguém cobrava título da base, agora, a mídia especializada (especialmente tv´s pagas) que precisa preencher os horários que tem durante o dia, transmite jogos até do dente de leite (ainda existe?), e o torcedor cobra de garotos a responsabilidade que eles não têm. Pior ainda, alguns desses garotos, com tanta exposição, pensam que são craques que não são.

Nos anos 90 o torcedor nunca tinha ouvido falar em marketing, esse assunto era restrito aos clubes e aos estudiosos do tema. Mas hoje todo torcedor tem uma estratégia para fazer o time arrecadar mais. Apenas mais um motivo para desvirtuar a essência do “ser torcedor”.

Como é chato esse novo torcedor que se mostra nas redes sociais. Borderô? No máximo o que eu queria saber depois do jogo era quanto foi o público pagante (o presente, aliás, era muito mais importante). Naquela época também as informações sobre o futebol eram consumidas nos programas de TV, rádio e nos jornais, por isso, especulações apenas com hora marcada, no mais, só a resenha com os amigos no Mineirão ou no boteco.

Se por um lado com as redes sociais podemos conhecer e trocar ideia com torcedores de todos os cantos do mundo, por outro, ela dá visibilidade a quem não tem credibilidade. Qualquer um vira especialista e assuntos que não dizem respeito ao torcedor, que deveria apenas torcer, ganham proporções desnecessárias.

Pela primeira vez depois de dez anos o time se mostra apto a levantar mais um caneco. E o torcedor, que deveria fechar com o time, perde tempo e energia com assuntos que não fazem diferença para ele. Gostaria que um novo pacto, como o feito na final do Campeonato Mineiro deste ano, fosse firmado. Nossa única preocupação é o CRUZEIRO ESPORTE CLUBE, nada mais!

Foi envolvido neste espírito, que hoje tentamos resgatar com hashtags como #FechadoComOCruzeiro, que o torcedor cinco estrelas empurrou o time a tantas conquistas nos anos 90. Não importava folha salarial do adversário, não importava o que o jogador publicou no instagram, não importava nada. Nos importava, simplesmente, acreditar e, a partir disso, fazer acontecer.

2013 foi generoso até aqui e nos permitiu reencontrar esta essência. Que nada nos afaste disso até o final do ano. Que as arquibancadas pulsem como nos anos 90, enquanto dirigentes, jogadores e comissão técnica fazem a sua parte. É o que nos cabe fazer. Funcionava tão bem naquela época. Não tem porque hoje falhar.