Cuidado com o ciclo vicioso


O cidadão chega em casa, encontra brinquedos dos filhos menores espalhados, o mais velho trancafiado no quarto curtindo uma trilha sonora que você não faz questão de definir o que é, logo após de uma suspensão da escola e sua esposa ao telefone, já em tom hostil, lembrando-o do leite que você esqueceu de comprar.

Lembra que ao passar pela porta, pisou em várias contas vencidas e ao mesmo tempo, daquela bronca que levou do chefe antes de deixar o escritório. Tenta desesperadamente preparar o jantar, senta no sofá, curte alguns momentos de tranquilidade, mas algo lhe soa estranho, melhor, cheira estranho e lá se foi a macarronada no forno que o indivíduo deixou queimar.

A esposa bate à porta e traz junto as amigas para um encontro feminino. As gargalhadas arfantes e os gritos esganiçados lhe entram pelos ouvidos, impedindo-o de dormir. Mais uma noite em claro.

Que bagunça, não?

É exatamente o ciclo vicioso, de cada dia, que vemos acontecer dentro da Toca da Raposa.  As informações não se encontram, o domínio da gestão já passou de mão. Agora, está a deus dará. O problema que a questão de “esquecer o leite” está sendo tratada da mesma maneira que “contratar um diretor de futebol”. Não é em qualquer mercearia e com uma variedade imensa de marcas e qualidades, que será encontrado. Muito menos se for comprado naqueles mercados de “granfino”, que entregam em casa, no colo, a tempo e a hora.

As gargalhadas arfantes são recorrentes nos veículos de imprensa e os gritos esganiçados veem de uma torcida desesperada por atitudes maduras, nas quais o ego se chama Cruzeiro Esporte Clube e não presidente ou ex-diretor de futebol. Será que o tal “chapeleiro” perde uma noite de sono qualquer?

Imagina se o cidadão da história acima, ainda tem de conviver com seu clube do coração, à beira de um abismo que ele mesmo se colocou? Coitado, não saberia o que é depender de um trio de homens engravatados, prontos para sentenciar a sua paixão ao desfiladeiro.

Toma tento, Cruzeiro. As glórias de um passado e suas páginas heroicas e imortais, não dependem de um homem ou um mandato, mas de ter a certeza que és maior que qualquer mero mortal que sente em uma cadeira, atrás de uma mesa de mogno, assinando papéis e determinando ordens ao seu bel prazer.

E por fim, o homem cuja maior paixão se encontra em todas as situações acima, faz um pedido clamoroso, cheio de remorso, mas esperançoso que o vento da mudança virá: por favor, três patetas, não menospreze nosso Cruzeiro e sua torcida.

Grande abraço e saudações celestes.

Por: Fábio Veloso