Deus, obrigada por me fazer cruzeirense


Deus, obrigada por me fazer cruzeirense - Cruzeiro Esporte Clube - Foto: Pedro Vilela / Textual

Ansiedade. Essa é a melhor palavra que define o que me consumiu na última semana. Confesso que até sexta-feira (8), fui capaz de pensar em outros fatos que não fossem o jogo de domingo (10). No entanto, no sábado (9), tudo mudou. Isso porque, o frio na barriga era incontrolável e sentia uma dor de cabeça digna das minhas crises mais elevadas de estresse. Contudo, dessa vez, o motivo das reações pelo meu corpo tinha cinco estrelas cravadas no peito e um azul estampado na camisa que simulava o céu de domingo.

Sonhei, idealizei, planejei e, finalmente, o grande dia chegou. Sabe de uma coisa? Ele foi muito mais bonito do que eu havia imaginado. Chegamos ao Mineirão abastecidos com latões, gelo, tenda e alguns banquinhos – outros colegas já haviam guardado o lugar na calçada e a carne já estava na churrasqueira. Nesse momento, olhava no entorno e via um mar azul que a cada segundo aumentava e tornava-se mais barulhento. Bombas, foguetes, sinalizadores e buzinas resultavam em uma sinfonia capaz, até mesmo, de colocar Beethoven no chinelo [me perdoem pelo exagero]. Olhei no relógio e percebi que faltavam exatas 6 horas para o início da partida, e falei para mim que viveria cada segundo daquele dia com toda emoção que meu Cruzeiro merece.

Então cantamos, gritamos, ficamos expostos a um sol escaldante (que resultou numa insolação tensa) e a cada momento começava uma nova amizade de infância. Falávamos sobre escalação, cartões, torcida, ou seja, assuntos gerais com um único ideal: o Maior de Minas.

Entramos no Gigante da Pampulha afoitos, porém calados, já que cada um (com sua fé e do seu jeito) dava um jeitinho de pedir aos céus misericórdia e o fim de um grito engasgado há quase 10 anos. O que estava lindo tornou-se maravilhoso. A torcida cantava enlouquecida e no alto de um caixote o nome de Fubá era entoado por grande parte do Mineirão. Eu arrepiava, os olhos lacrimejavam, meu coração disparava e orava para que aquele momento fosse celebrado com um gol. E isso aconteceu por uma, duas e três vezes. Sim, meus caros. Como diz nosso saudoso Dagol “vamos acabar de hipocrisia e comemorar o título”. E nós comemoramos. Confesso que o meu corpo sentiu aquelas 6 horas embaixo do sol e com pouca ingestão de água, mas quem disse que queria voltar para casa. Passamos por vários bairros de BH em busca de controlar aquela adrenalina a qual consumia o meu corpo e tentava gritar, já que a voz não mais existia, o canto de tri campeão.

Hoje, essa felicidade continua inabalável. Estou pouco importando para o que os torcedores do Time de melhor CT do Brasil pensam ou falam da nossa comemoração antecipada e da volta olímpica sem taça. Para a imprensa rosinha de BH, apenas lamento essa parcialidade e me sinto envergonhada por certas palavras pronunciadas pelos colegas de profissão. Não estou nem aí para jornalista franguinho, para atleticano recalcado, para Fantástico ignorando o óbvio e, muito menos, para a opinião alheia. Para falar a verdade, a minha preocupação do dia é encontrar um local legal para bordar mais uma estrela amarela nas minhas camisas. Aos campeões de estaduais, realmente não fizemos festa e nem comemoramos o título, aquilo foi uma prévia, já que ainda faltam dois pontos e muita gente pode tomar essa taça do Cruzeiro. #SQN