Dossiê Fábio 2012: Alvo de críticas no mau momento da equipe, Fábio termina temporada em alta


A temporada 2012 começou com cara de 2011. A manutenção de Vágner Mancini e a realização de contratações duvidosas, como os volantes Rudnei e Amaral, lembravam os investimentos feitos pela diretoria comandada por Perrella no segundo semestre do ano anterior, quando o clube brigou contra o rebaixamento, e davam poucas esperanças de que o Cruzeiro poderia viver uma temporada em alto nível e na briga por títulos.

Se a Era Gilvan começou com cara de mais do mesmo em relação ao mau momento que o clube havia vivido no fim de 2011, para Fábio, a crise na relação com o torcedor iniciada na reta final do Brasileirão não teve um rosto diferente e duas situações agravaram ainda mais este problema.

A manutenção de nomes como Dimas Fonseca e a falta de dinheiro deixada pela gestão anterior preocupavam. Montillo foi um dos nomes que mais era especulado para sair, mas o de Fábio também movimentou os noticiários com especulações.

A primeira crise do goleiro com a torcida em 2012, aliás, nasceu justamente no campo da especulação, e foi o possível interesse de Fábio em vestir a camisa do Atlético-MG, que buscava um camisa 1 antes da chegada de Victor. Segundo alguns órgãos de imprensa, o goleiro se disporia a negociar com o arqui-rival e, o que desagradava muitos torcedores, o próprio goleiro não desmentia a situação, contentando-se apenas em dizer que era profissional e que, se um dia o Cruzeiro não mais o quisesse, ele teria que procurar um novo destino. De fato, declarações como esta sempre serviram de argumento para muitos que alegam que o goleiro não pode ser considerado um ídolo!!

A segunda crise, porém, veio a partir do posicionamento junto a outras lideranças do grupo, caso principalmente do meia Roger, questionando as declarações irônicas do novo presidente, Gilvan de Pinho Tavares, em relação ao atraso dos salários no início do ano. Inconformados com o fato de o presidente indicar que a reclamação era exagerada, os jogadores, com Fábio entre os líderes, publicaram uma carta que, com o mau desempenho do clube no início da temporada, sempre era lembrada por parte da torcida de forma negativa, uma vez que os jogadores pareciam não mostrar em campo fazer jus aos seus salários.

Enquanto os bastidores pegavam fogo, o primeiro semestre do clube se desenhava cada vez mais tenebroso e eliminações precoces no Campeonato Mineiro (semifinal contra o América) e Copa do Brasil (oitavas-de-final da Copa do Brasil), duas equipes então na Série B do Brasileirão, mostraram o quanto o elenco era frágil. Fábio era um dos menos criticados pela situação, mas muitos passaram a defender que o goleiro já não tinha mais o desempenho de outros tempos.

A queda de Vágner Mancini, a saída de Dimas Fonseca e a chegada de Celso Roth e Alexandre Mattos, além de alguns reforços, casos de Ceará, Borges e Tinga, renovaram as esperanças do torcedor cruzeirense e o bom início na competição, com o Cruzeiro chegando a frequentar o G-4 e até mesmo a liderança nas primeiras rodadas, significaram, se não uma paz, uma trégua entre Fábio, que vinha bem nos primeiros jogos, e seus críticos.

A palavra trégua é a mais indicada, pois foi só o desempenho da equipe cair para Fábio voltar a ser questionado. De fato, o goleiro não manteve a regularidade de outros anos, a ponto de, pelo segundo ano seguido desde que chegou ao clube, não figurar entre os 10 primeiros colocados da Bola de Prata da Placar. Para piorar, falhas, na maioria das vezes não admitidas pelo goleiro, começaram a aparecer, especialmente no período em que o clube ficou sete jogos sem vencer após o início do 2º turno.

O momento mais crítico desta relação veio no embarque do Cruzeiro para a partida contra o São Paulo pela 26ª rodada. Um grupo de torcedores protestava contra o mau momento do time, mas concentrava a sua manifestação em Fábio, com alguns torcedores mostrando pés de alface em referência ao apelido “mão-de-alface”, atribuído por alguns dos seus críticos.

Foi justamente contra o São Paulo, porém, que Fábio fez uma de suas melhores partidas no campeonato. É verdade que, para muitos, o goleiro falhou no gol da equipe paulista, mas ficou evidente ao final do jogo que, se não fosse pela atuação de Fábio, a vitória tricolor teria sido superior ao magro 1X0 que se verificou ao fim dos 90 minutos.

O movimento de protesto serviu mais pra dividir a torcida do que pra alguma coisa. Alguns defendiam que Fábio tinha créditos e que parte do momento do time não era culpa dele. Outros alegavam que já devia se encerrar a passagem do goleiro pelo clube.

Sem engrenar no campeonato e com uma zaga não confiável e repleta de mudanças ao longo do torneio, o Cruzeiro seguiu a partir de então uma tônica de perde e ganha que manteve o time no meio da tabela, mas Fábio saiu um pouco de cena como alvo dos protestos. Atuações regulares, e alguns milagres, marcaram sua reta final de competição, em especial o pênalti defendido no confronto contra o Atlético-MG na última rodada cobrado por Ronaldinho Gaúcho, mas a equipe não conseguiu no torneio mais do que garantir o afastamento do fantasma do rebaixamento faltando apenas 3 rodadas para o fim do campeonato.

No total, o ano do Cruzeiro foi pífio, Fábio foi um jogador inconstante, embora com grande destaque em algumas partidas, e a posição do time no Brasileirão serviu para resumir o ano de Fábio: falhas e milagres. Um ano médio…

Diante disso, hoje a opinião sobre o goleiro segue dividida. Boatos já deram conta de possíveis interesses de São Paulo, Grêmio e Internacional em seus serviços e estas especulações dividem o torcedor. O dossiê Fábio está aí para te ajudar a pensar. Valeria a pena negociar Fábio? O goleiro é um ídolo do clube? A palavra agora está com você.

Pênaltis: Fábio defendeu nesta temporada três penaltis com a camisa cinco estrelas, todas diante de jogadores com passagem pela Seleção Brasileira. No Campeonato Mineiro, o arqueiro parou Fábio Junior na semifinal contra o América. Já no Brasileirão, Luís Fabiano (São Paulo) e Ronaldinho Gaúcho (Atlético-MG) foram as vítimas do goleiro.

Títulos: Nenhum.

Premiações: O goleiro foi condecorado com o Troféu Guará de melhor goleiro do futebol mineiro em 2012.

Opinião: Particularmente, acho Fábio um goleiro irregular. É inegável que ele tem qualidades técnicas para estar em um patamar alto. Ao longo das temporadas em que esteve no gol do Cruzeiro alternou ótimos momentos com, provavelmente, alguns dos maiores fiascos da equipe e da posição na história do clube. A ausência de um título e relevância, mesmo com bons times e disputando competições sempre, também pesa contra o goleiro.

Acho que a própria postura de Fábio – mesmo sendo colocado como ídolo incontestável – de não admitir falhas e sempre “empurrar” a responsabilidade para os outros também compromete um pouco a imagem do goleiro.

(Guilherme Ibraim – Repórter da Rádio CBN/GLOBO-BH, com passagens pelo Jornal O TEMPO e Rádio Inconfidência)