Fatos, folclores e verdades


Foto: Valeska Silva / Globosporte.com
Falar sobre o Cruzeiro ultimamente está difícil. É óbvio demais. Todos sabem quais são os problemas que levaram o time bem estruturado do primeiro semestre a se transformar num amontoado de jogadores que vestem onze camisas e vão a campo.
Fica chato falar e apontar o dedo na direção das pessoas que tentam há algum tempo manchar páginas heróicas e imortais escritas por Tostão, Dirceu Lopes, Nelinho, Joãozinho, Dida, Alex, Sorín e outros ídolos eternos, até porque eles não dão a cara para bater, não assumem seus erros e debocham do torcedor sempre que são questionados pela imprensa e torcida. Fato.

Foto: Valeska Silva / Globosporte.comEstive na Arena do Jacaré mais uma vez para apoiar o time e vi uma equipe que jogou relativamente bem contra o Corinthians, mas o momento não é apropriado para “jogar relativamente bem”, é necessário mais que isso. Atualmente temos um time limitadíssimo tecnicamente e que depende excessivamente de um atleta que, apesar do profissionalismo, habilidade e raça, também tem problemas como todo jogador, e às vezes falha.

Acho um absurdo ouvir torcedores xingando Montillo porque errou a cobrança de um pênalti. A situação do clube poderia ser muito pior na competição se o argentino não estivesse em campo em outras partidas. Penso que diante da situação vivida pelo jogador, com os problemas de saúde do filho Santino e a recém cirurgia no garoto, o craque deveria ser poupado. É desumano colocar sobre seus ombros tanta pressão para consertar os erros administrativos do clube, assim como carregar a responsabilidade da má fase técnica do time que deveria ser dividida entre onze atletas e comissão técnica.

Não existe mágica no futebol ou na vida para conquistar objetivos. Existe trabalho e talento que juntos realizam sonhos. O torcedor dever apoiar o time e torcer até o fim, mas nada depende dele, nunca dependeu. Deixe as superstições de lado, não foi a sua meia da sorte, que você não usou para ir ao estádio, que fez a equipe perder, ou sentar num lugar diferente do que você sempre senta, isso faz parte do folclore do futebol brasileiro. Tampouco foi sua voz calada diante do inacreditável à sua frente ou mesmo sua ausência na arquibancada. Infelizmente torcida nunca ganhou jogo e nem vai ganhar, porque se fosse assim o Campeonato Brasileiro seria decidido todos os anos por Flamengo e Corinthians, que têm as maiores torcidas do país. E o Santa Cruz, que tem a maior média de público da competição disputando a série D, seria rebaixando? Nunca! Mas quem ganha jogo é centroavante que mete bola dentro do gol, goleiro que defende bem e meias que jogam sem medo em busca da vitória, colocando o time à frente e criando situações de gol.

Nós, torcedores, somos mais um elemento no mundo do futebol. Somos a parte mais frágil. Pagamos para ver bons jogos que nem sempre acontecem. Compramos produtos da marca Cruzeiro caros, para fazer propaganda de graça. Sofremos e choramos quando os resultados ruins insistem a nos castigar, mas infelizmente não temos em nossas mãos, ou pés se preferirem, o poder de decidir absolutamente nada. Não decidimos quem é contratado, quem é escaldo e muito menos temos a chance de marcar gol. Nós apenas torcemos. E é por isso que mesmo com o time limitado que temos continuarei indo ao campo, porque essa é a parte que me cabe, torcer!!!

Tenho certeza que toda torcida cruzeirense deseja e transmite ao craque Montillo e sua família toda energia positiva e orações de recuperação ao guerreiro Santino. A verdade é que para o homem Montillo o filho é infinitamente mais importante que qualquer resultado de futebol. Não se responsabilize por derrotas que não foram causadas apenas por você. Sua principal luta hoje é pela vida de uma criança que depende de você. Força Montillo, fuerza Santi!