Me ajuda a te ajudar, Pisano!


Como diria um dos grandes pensadores contemporâneos da cultura pop nacional, “quem quer rir, tem que fazer rir”. Por isso, direciono esse pequeno manifesto a Matias Pisano, jogador que chegou ao Cruzeiro em janeiro e, nestes primeiros seis meses na Toca, não conseguiu produzir impacto algum. Não faço aqui nenhum trocadilho com o tamanho ou peso do meia, que realmente produz pouca sombra quando exposto à luz solar. A questão é que um atleta que prometia muito, não consegue se sobressair, atuando normalmente de forma muito tímida quando é chamado à ação. E pelo fraco desempenho apresentado, não tem o menor direito de pedir mais chances no time.

Fui um grande entusiasta da contratação por ter visto bons jogos de Pisano no futebol argentino. Os bons jogos renderam, inclusive, negociações do atleta com o Borussia Dortmund, em maio do ano passado. Ou seja, não fui apenas eu ou a diretoria do Cruzeiro que viram talento no jogador. Sua transação para a Alemanha não ocorreu porquê o Independiente pediu muito, na ocasião. Pouco tempo depois, vendo que perdeu a chance de negociar seu talentoso canhoto, o clube argentino acabou sendo refém da vontade do atleta e de uma dívida com o Cruzeiro, recebendo o perdão pelo débito de empréstimo de Ernesto Farías e recebendo uma módica quantia.

O perfil “argentino, canhoto, meia, habilidoso, baixinho e atarracado” fazem, imediatamente, nosso imaginário comparar Pisano a ícones hermanos que atuam na mesma faixa da cancha e apresentam características físicas semelhantes. Chegou mostrando ousadia nas entrevistas, dizendo que seu tamanho o permitia “passar por baixo das pernas dos adversários”. Entretanto, quando a bola rolou, a realidade não foi bem aquela planejada. O jogador desembarcou em BH com a pré-temporada em curso, não teve oportunidades reais com o técnico Deivid e, quando entrava, costumava jogar recuado, pelo meio, tentando armar o jogo de trás. Não vingou.

São 14 jogos do camisa 32 pelo clube, 6 vezes como titular e 8 vezes vindo do banco. Em nenhum dos jogos, o atleta ficou os 90 minutos em campo. No total, foram 561 minutos, o que corresponde a pouco mais de 5 jogos inteiros. Até por isso, não é exagero dizer que o tampinha teve poucas chances. Mas se ele quer se tornar um nome efetivo, precisa mostrar mais futebol, agressividade e disposição para fazer o jogo fluir. Paulo Bento o colocou como titular em três partidas, o deixou fora do time por mais de um mês (seu último jogo havia sido contra o Santa Cruz, dia 25 de maio) e reapareceu com o argentino contra a Chapecoense, ocasião em que o armador marcou seu primeiro gol pelo clube.

Entretanto, o que poderia ser o momento de virada, indício de melhor adaptação, acabou de forma melancólica, com a derrota de virada, seu pequeno envolvimento na partida e decorrente substituição no início da etapa complementar. Discordo completamente de quem não gostou de sua escalação como titular, as outras opções eram Allano e um Élber voltando de lesão. Bento fez o certo, mas o atleta não deu o retorno desejado. Resta saber qual o motivo que faz Pisano ser tão tímido até o momento. Lembro que até jogadores de nível mundial, como Sorín, tiveram dificuldades no início de sua adaptação a outro país. Mas só depende de Pisano mudar essa lógica e provar se pode ser um novo ídolo celeste ou se será apenas mais um gringo que passou e “roubou” por aqui. Ainda tenho uma pequena esperança, de que ele esteja no primeiro grupo.

Foto: Reprodução / Site Oficial

Por: Emerson Araujo