Nós salvamos o Cruzeiro!


Sei que ainda estamos no final de setembro, mas vamos fazer uma breve retrospectiva do ano. Começamos 2015 com o pé esquerdo. Vendas de jogadores importantes no Bicampeonato nos deixaram enfraquecidos para a temporada. Qual foi o papel da torcida?

Cobramos da diretoria peças de reposição, que aconteceram em quantidade, mas não tivemos a qualidade reposta. Nossos mandatários conseguiram montar um elenco pior, com mais jogadores e com a folha salarial maior, no primeiro semestre. Assistimos de camarote a incompetência agindo nos bastidores.

Jogadores contratados sem o aval do então técnico Marcelo Oliveira provocaram um desgaste entre diretoria e comissão técnica. Pessoas sem a menor capacidade de gerir nosso futebol, mandando e desmandando na montagem de nosso elenco. O técnico bi campeão nacional não resistiu à falta de preparo da diretoria, e foi demitido.

Seu substituto, contratado (misteriosamente) de imediato, foi Vanderlei Luxemburgo. Sonho antigo do presidente Gilvan. Antigo mesmo.

Todos ficaram com os dois pés atrás com a contratação do “treinador”, devido à sua incompetência comprovada nos últimos anos de fracassos. Porém, demos nosso voto de confiança.

Três jogos com 100% de aproveitamento trouxeram uma tranquilidade para o ex técnico trabalhar. Porém, seus métodos ultrapassados, tentando se impor no grito e, simplesmente, não treinando o time, foram minando sua já abalável confiança com o torcedor celeste.

Para um ex técnico, um ex diretor de futebol. Luxemburgo pediu a contratação de seu parceiro de poker, Isaías Tinoco. Os incompetentes se entendem.

Piada pronta. Tragédia anunciada. Contratar um profissional amador do pior time do Campeonato Brasileiro, para o Bi Campeão nacional. Qual foi o papel da torcida?

Questionamos bastante a duvidosa contratação de um profissional completamente ultrapassado e sem nenhuma motivação para vencer. Mas demos nosso voto de confiança. Ainda que ressabiados, como bons mineiros.

Em meio a um abismo aparentemente inesgotável de incapacidade, o primeiro rato pulou do navio.

Valdir Barbosa, o incompetentíssimo ex gerente de futebol, aceitou uma proposta “irrecusável” do modesto Coritiba. Bastante questionado pelas inúmeras mazelas dos últimos tempos.

Uma sequencia interminável de tentativas furadas de contratações, declarações desencontradas e demonstrações públicas de falta de capacidade. Valdir expôs ao povo o profissional incompetente que sempre foi. Não tinha como se esconder dessa vez. Não aguentou a pressão da torcida e pediu pra sair. Fraco. Covarde! Rato!

Esse foi um marco em nossa recuperação. Um dos piores profissionais da diretoria pediu pra sair! Parecia um sonho. A torcida derrubou o primeiro.

O tempo passando e resultados cada vez piores. A teimosia do presidente Gilvan parecia não ter solução. Cobramos. Poucas vezes em minha vida vi uma reação tão contundente de uma torcida.

Mas, acima de tudo, estamos junto do nosso Clube. Carregamos o time nas costas, mas os resultados não apareciam.

No jogo contra o Santos, no Mineirão, presenciei uma das cenas mais bonitas em anos de futebol. Abraçamos nosso clube, que agonizava sob o comando de Luxemburgo. Cantamos como nunca, empurrando o time e acuando o adversário. Os jogadores correram por nós, a torcida se agigantou frente ao Santos, mas o resultado não veio. Precisávamos de uma resposta da diretoria.

No dia seguinte, Gilvan resolveu deixar a teimosia de lado e nos ouviu um pouco. Lembro que estava no aeroporto de Confins, voltando para BH, quando sai a notícia da reunião entre Gilvan, Luxemburgo e Tinoco. Todos apreensivos e, minutos depois, a melhor notícia do ano.

Em apenas algumas horas o cruzeirense pôde sorrir novamente. Parecia um título conquistado. Dei um leve soco no ar, em comemoração. Os que estavam ao meu lado não entenderam, até que vi outras pessoas em Confins também comemorando. Entro nas redes sociais, e a alegria tomava conta. Nunca ficamos tão felizes com a demissão de um treinador.

Junto às demissões, Gilvan resolveu ouvir mais um pouco a torcida e nos deu de presente um profissional que temos 100% de confiança, e que já cobrávamos a algum tempo na diretoria do futebol profissional. Gilvan resolveu ouvir seu povo.

O resultado estamos vendo hoje, com um time bem treinado e motivado para tirar o clube dessa situação. Sintonia perfeita entre torcida e time.

Faltam algumas rodadas e alguns pontos para tirarmos nosso time, de uma vez por todas, do risco de rebaixamento. Mas temos a certeza de que o trabalho está sendo bem feito e por profissionais que querem o bem do Cruzeiro.

O Time do Povo foi salvo pelos seus. Nós salvamos o Cruzeiro.

Por: Luciano Batista