Temporada de caça ao camisa 9


A primeira vitória no Campeonato Brasileiro finalmente veio, após a visita a Brasília para encarar o Botafogo. O gol de Élber nos deu 3 pontos e tranquilidade para que o treinador Paulo Bento siga trabalhando e acertando o time, que ainda padece pelos 5 meses do aspirante Deivid no comando. Entre as carências do plantel, que vem desde um lateral esquerdo de bom nível, até um zagueiro para cobrir as ausências de Dedé e Manoel, nenhuma é tão desesperadora quanto a ausência de um camisa 9. E quando falo nisso, não me refiro ao numeral, muito menos aos falsos 9, essa espécie que deveria ser extinta urgentemente. O alvo aqui é um jogador realmente capaz de marcar gols. Que tenha presença, qualidade e instinto artilheiro.

As opções do plantel não animam nem um pouco. Willian, o titular, rendeu bem na função durante o período Mano Menezes, mas oscila muito desde que chegou ao clube, em 2013. Tem momentos de intenso brilho e vários meses de atuações bizarras. Foi assim em 2014, 2015 e vem se repetindo na atual temporada. Marcou 1 gol em 13 partidas, 12 como titular. O reserva imediato é Rafael Silva. Vindo do Vasco a pedido do presidente Gilvan, começou bem, marcando gols importantes (como no clássico do Mineiro), mas não acha o caminho das redes desde este gol no clássico, dia 27 de março. 14 jogos e 5 gols para o atualmente lesionado atacante. Douglas Coutinho é o outro postulante, autor de 4 gols em 13 partidas, normalmente vindo do banco (11 oportunidades). Nunca contou com grande prestígio desde sua chegada, emprestado pelo Atlético-PR.

O outro nome, voltou recentemente de empréstimo, foi titular contra o Botafogo mas também perdeu uma chance imperdoável. Duvier Riascos, jogador de bom início de ano pelo Vasco, tem limitações técnicas claríssimas. Mas é o favorito de boa parte dos torcedores, entre as atuais opções, pelo rendimento no futebol carioca. Confesso que entre ele e Willian, também prefiro testar o colombiano, ser-humano pelo qual não nutro nenhum apreço. Ao menos é uma opção que pode oferecer um pouco mais de luta e incomodar os beques adversários. Mas, por justiça, daria minutos a Douglas Coutinho. Em consulta interna com os colaboradores do Guerreiro dos Gramados e outros torcedores, fizemos um mapeamento de diversos atletas que foram citados como bons nomes para comandar o ataque. Vamos a eles, com os respectivos números desde janeiro de 2015, para comparação.

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Alguns, podemos dizer sem a menor dúvida, são impossíveis. Especialmente Fernandão (ídolo e muito valorizado no Fenerbahçe), Lisandro Lopez (deseja se aposentar no Racing), Pizarro (também quer encerrar o ciclo no Bremen) e Kieza (já atuou por dois clubes na temporada, não podendo se transferir novamente). Outros são extremamente improváveis pelos altos custos salariais, casos de Alexandre Pato e Paolo Guerrero, e há até jogador que não atua desde 2015 por lesão (Anselmo Ramon). Entre os nomes mais plausíveis, temos Rafael Sobis, Marcelo Moreno, Hernan Barcos, Alecsandro e Nico Lopez. Entretanto, nenhum sairia barato, demandando investimentos que não sabemos até que ponto são possíveis.

O jogador mais especulado é Rafael Sobis. O grande problema é enxergar no atacante um comandante do setor ofensivo. Sobis é um segundo atacante, homem de lado, atua pela esquerda no Tigres, que tem o francês Gignac como referência. Trocando em miúdos: é um Willian loiro e melhorado. Mas dificilmente vá resolver o problema. Alecsandro foi citado por ter trabalhado com Paulo Bento no Sporting, mas dificilmente sairá do Palmeiras por ser, atualmente, o titular da equipe. E já está com 35 anos, é um investimento questionável. Marcelo Moreno tem o contrato se encerrando na próxima temporada, é um ídolo cruzeirense e pode voltar já em janeiro, sem custos. Entretanto, é difícil imaginar os chineses o liberando imediatamente.

Hernán Barcos está encostado no Sporting, de Portugal. Confesso não saber como anda o Pirata do ponto de vista físico e técnico. Mas fez um bom 2015 no futebol chinês (o que não significa muito). Nico Lopez, o outro nome, fez boa Libertadores pelo Nacional do Uruguai, mas é jogador da Udinese, que pede 15 milhões de reais para iniciar conversas. Pediu este montante mais dois jogadores da base para o Internacional, o que emperrou as tratativas. Entre os menos conhecidos, Berrío faz boa Libertadores pelo Atlético Nacional, mas nunca foi goleador de nada. Sosa tem contrato longo no futebol mexicano, demandaria muito dinheiro e não é propriamente um centroavante. Pablo Osvaldo só tem acumulado confusões nos últimos anos, sendo recentemente dispensado do Boca Juniors. Mesmo não tendo clube, é uma negociação cara e de extremo risco.

Hernane Brocador e Bruno Rangel são atletas oscilantes, que parecem só jogar bem em determinados clubes (fenômeno parecido com o que Moreno é com a camisa celeste). Bou, Ruben e Benedetto são argentinos de bom nível, que chegariam com o status de titulares absolutos. Mas é difícil imaginar que a diretoria tenha o tato para trazer tais jogadores, principalmente por ainda terem mercado no futebol europeu. Federico Santander fez ótima Libertadores no último ano, pelo Nacional do Paraguai. É titular no maior clube do pouco visto futebol dinamarquês. Acredito que Gilvan não tem a menor ideia nem do que seja a Dinamarca. E Preciado é uma promessa do futebol colombiano, que talvez valha o investimento. Mas é inimaginável sua chegada para assumir a titularidade de um gigante como o Cruzeiro.

Em suma: nem a torcida sabe muito bem o que quer. O tal camisa 9 é um jogador de difícil contratação no momento, até porquê o futebol sul-americano vive a carência desse tipo de jogador. Os melhores daqui, saem rápido para o velho continente, tornando-se alvos irreais. O que prova, finalmente, que será necessário apostar. Ou na formação de um novo valor para o setor (Hugo Ragelli, ou Santiago, da base), ou na afirmação de um dos nomes que já estão por aqui. Você aprova algum dos nomes citados? Acredita em alguém do plantel ou tem novas sugestões? O GdG quer ouvir você. E que de algum lugar na Toca, Paulo Bento possa nos ouvir.

Por: Emerson Araujo