Ricardo Gomes é uma boa?


Após as decisões dos campeonatos estaduais em todo o país, o nome de Ricardo Gomes, vice campeão Carioca com o Botafogo, ganhou muita força nos bastidores para ser o novo treinador do Cruzeiro. O próprio comandante confirmou ter uma proposta celeste após o empate em 1 a 1 com o Vasco. “Quando me perguntaram há 15 dias não tinha nada, nenhuma proposta. Agora tenho uma proposta do Cruzeiro. Vou conversar com o presidente amanhã. Isto está claro, não é segredo. Mas resolvo isso na terça-feira. Vamos fazer um balanço sobre tudo o que fizemos até agora e vamos decidir”, afirmou o técnico, em entrevista coletiva pós-jogo. Antes mesmo da confirmação, façamos uma análise sobre quem é Ricardo Gomes, e a carreira do provável novo treinador do maior de Minas.

Como jogador, construiu sua trajetória no Fluminense, onde jogou seis anos. Superou uma grave lesão no joelho, aos 19, em que foi avisado pelos médicos que não voltaria a jogar. Voltou, e em alto nível. Passou três temporadas no Benfica, outras quatro no Paris Saint Germain, e retornou ao Benfica em 1995, para uma última temporada. Deixou os gramados em 1996, pelas lesões, com apenas 31 anos de idade. Há 20 anos, iniciava sua trajetória como treinador no futebol francês, mais precisamente no PSG, clube que havia defendido. Em duas temporadas como comandante dos parisienses, conquistou dois títulos: a Copa da França e a Copa da Liga Francesa, ambos em 1998.

Retornou em 1999 ao Brasil, montando um bom time do Vitória, que conquistou a Copa do Nordeste e o Campeonato Baiano. Foi dispensado durante o ano, mas o clube, com a mesma base, chegou as semifinais do Brasileiro. Passou por diversos clubes sem grande sucesso nos anos seguintes: Sport, Guarani, Coritiba e Juventude. Após bom trabalho no clube de Caxias do Sul, alcançando as quartas-de-final do Brasileirão, foi convidado para a seleção olímpica. Mesmo treinando talentos como a dupla santista Diego e Robinho, o Brasil não se classificou para a Olimpíada, o que se configurou um fracasso retumbante. Demitido, passou por Flamengo e Fluminense em 2004, sem deixar saudades.

Voltou ao futebol europeu em 2005, para treinar o Bordeaux. Ficou até 2007, conquistando no período uma Copa da Liga Francesa. Contando com os ex-cruzeirenses Wendell e Jussiê, Ricardo levou a equipe à disputa da Liga dos Campeões. Trabalhou ainda duas temporadas no Monaco, antes de voltar ao futebol brasileiro, para treinar o São Paulo, que havia demitido Muricy Ramalho após o fracasso na Libertadores. Conseguiu levar o tricolor do Morumbi de volta a principal competição da América, eliminou o Cruzeiro nas quartas daquele ano, mas parou no Internacional, na semifinal, e foi demitido. Assumiu o Vasco em 2011, montou um time muito bom, que conquistou a Copa do Brasil, batendo o Coritiba de Marcelo Oliveira. E sofreu em agosto daquele ano, um AVC, que o deixou longe dos gramados até 2015. Exerceu, até 2014, o papel de diretor de futebol no clube cruzmaltino.

No Botafogo desde o ano passado, conquistou a Série B acertando um time com muitos jovens e sem dinheiro para contratações. Teve o time desmanchado para 2016 e montou um time novamente competitivo, só perdendo o título Carioca para o Vasco, na final. Ricardo não é garantia de nada, mas é um treinador de verdade. Quantos técnicos brasileiros já trabalharam em três clubes da primeira divisão do futebol europeu e conquistaram títulos? É um nome mais consistente e com melhores trabalhos do que Jorginho, que era o preferido pela diretoria. Volto a ter uma expectativa positiva para o Cruzeiro 2016, por receber um técnico conhecido por extrair o melhor possível dos jogadores, bem o contrário do que fez Deivid, onde o elenco inteiro parece em sub-rendimento. E você, avaliza a contratação de Ricardo Gomes?

Foto: Reprodução/UOL

Por: Emerson Araujo