Se Luxemburgo é treinador, você pode ser o que quiser


O que faz um treinador? Segundo o dicionário Aurélio, treinador é “que ou aquele que exercita ou que treina”. A definição é tão simples que o termo, que pode funcionar como substantivo “O treinador comandou” ou adjetivo “ele é treinador” não tem outra definição no dicionário.

Desde que chegou ao Cruzeiro, Vanderlei Luxemburgo reduziu significativamente a carga de treinos dos atletas. O “dedo mágico” do treinador foi apontado nas 3 primeiras vitórias, mas milagrosamente alguns setores da imprensa simplesmente não enxergam responsabilidade no trabalho (ou ausência de) do “treinador”.

Ainda que há anos muita gente insista em vê-lo como um profissional desatualizado, o próprio nega a alcunha e é blindado por jornalistas como Jaeci Carvalho e Arthur Moraes que ressaltas suas virtudes a cada intervenção que fazem, mesmo que tenham que deturpar, mentir ou fantasiar sobre o tema.

Fato é que em semanas livres os atletas se reapresentavam na quarta-feira (como na preparação para o confronto contra o Avaí) ou na terça-feira à tarde. Treinos com bola, contudo, ocorriam a partir de quinta-feira, contrastando com a realidade de todos os demais clubes da Série A.

Com os jogos quarta e domingo, a situação piorou. Na preparação para o duelo contra o Internacional, os jogadores se reapresentaram 24 horas antes da partida (todos os clubes que atuaram na quinta-feira se reapresentaram antes, alguns já na sexta-feira como o Avaí que, assim como o Cruzeiro, atuou fora de casa na rodada de meio-de-semana). Um raro treino técnico em campo reduzido, comandado por Deivid, foi a única atividade para o confronto.

Depois do jogo contra o Internacional, a preparação para o duelo contra o Palmeiras foi ainda mais surreal. Regenerativo na segunda-feira e treino físico para os titulares nesta terça. Os reservas foram os únicos a ver a cor da bola na preparação, mas segundo o Globo Esporte.Com o “treinador” Vanderlei Luxemburgo acompanhou o físico dos titulares.

A situação é tão cômica que os atletas expõe as contradições. Nas entrevistas após a atividade, Marquinhos disse que sequer saberia se viajaria para São Paulo enquanto Fabrício comparou a cabeça de Luxemburgo a bolsa de mulher, de onde não se sabe o que sai.

É óbvio que os atletas que vão viajar sabem, ainda que o time que jogará siga sendo um mistério. Fato é que não houve um treino sequer preparando a equipe para o confronto contra o Palmeiras pela Copa do Brasil, última esperança de título da temporada.

A situação incomoda muitos torcedores, especialmente o silêncio e conivência da mídia com a situação. Devido a isto, convido a todos que lerem a coluna e que estiverem insatisfeitos a um protesto.

Se Luxemburgo é treinador sem cumprir os requisitos mínimos da atividade expressos no dicionário, fica uma lição. Basta por a profissão que desejar em frente ao seu nome que você vira o que quiser. Eu, por exemplo, não sei nada sobre o espaço, mas se Luxemburgo é treinador sem dar treinos, o que me impede de ser astronauta?

Convido, portanto, aos insatisfeitos que coloquem uma profissão que não exercem em frente ao seu nome nas redes sociais. Eu já fiz. Sou o Astronauta João Castro. A situação precisa de visibilidade. Bora aderir?

Por: João Henrique Castro