Tempestade em copo d’água com as atuações do Cruzeiro


Salve, China Azul! É bem verdade, há muito tempo eu não apareço escrevendo para o Guerreiro dos Gramados. Mas uma coisa tem me incomodado, e eu resolvi sair deste hiato para tocar nesse assunto. Após uma exibição bem pobre na partida de ontem contra o América-MG, muitos torcedores celestes foram às redes sociais de forma muito fatalista, como se sete jogos na temporada fossem suficientes para uma avaliação completa do elenco. Concordo que o desempenho de ontem foi sofrível mas, sinceramente, é para tudo isso?

Falta de criatividade

Toda a atuação do Cruzeiro na tarde/noite de ontem pode ser resumida em poucas palavras: a falta de criatividade e de saída de bola levou a um excesso de bolas cruzadas na área; o time não se encontrou e mal levou perigo à meta do goleiro Fernando Leal. O problema é que, mesmo ainda em fevereiro, com pouco mais de 30 dias de trabalho com bola (incluindo a pré-temporada), a torcida celeste, que tanto diz não se importar com o campeonato estadual, cobra que um empenho que nem o mais regular dos jogadores vai ter nesta altura. E além das questões físicas, também entra o fator motivacional. Disputar um confronto pela primeira fase do Campeonato Mineiro nunca terá o mesmo peso para os jogadores do que qualquer confronto de Taça Libertadores ou Copa do Brasil, por exemplo.

Longa temporada

Neste momento, aproveitando a folga do calendário e a pequena “inter-temporada” que o Cruzeiro terá antes do confronto contra o Huracán-ARG, o técnico Mano Menezes aproveita para dar rodagem ao time principal, entrosar quem chegou agora e testar novas soluções para o decorrer do ano. É normal ver qualquer jogador saindo do banco e jogando mais do que o titular, pois a hora de mostrar serviço é agora. Já alguém com lugar fixo no time talvez não se arrisque tanto, a fim de se preservar fisicamente. A temporada é longa, e se o Cruzeiro chegar às fases finais de todas as competições que disputar, serão cerca de 70 jogos em um calendário ainda mais apertado devido a disputa da Copa América.

Jeito Mano de jogar

Quanto ao estilo de jogo, torcedor, já está mais do que na hora de você se acostumar. O 4-2-3-1 ofensivo, que se transforma em um 4-4-2 defensivo com marcação recuada, já deveria estar na cabeça do torcedor. É o que Mano Menezes faz desde que retornou ao Cruzeiro, em 2016. E foi assim que vieram as conquistas das Copas do Brasil, em 2017 e 2018, e do Campeonato Mineiro, em 2018. As escolhas por um volante de mais marcação e outro para dar saída de jogo também são visíveis. A possibilidade de dois volantes com mais poder de marcação foi, inclusive, ventilada pelo treinador na coletiva. Segundo o próprio Mano, era uma ideia testar o time assim em uma proposta de jogo com Thiago Neves e Rodriguinho jogando juntos, mas como o camisa 10 se lesionou, o técnico não pode colocar em prática.

Tenho convicção de que todo o planejamento da comissão técnica tem sido colocado em prática nessa primeira parte da temporada. Também tenho certeza que exibições como ontem não agradam ninguém, nem o treinador, nem a torcida. Mas eu não considero que são parâmetros ou um espelho para o restante de 2019. São apenas consequências do momento. Vamos aprender também a roer o osso, para que saibamos saborear o filé.

Por: Pedro Paraíso