Um amor chamado Cruzeiro Esporte Clube


Um amor chamado Cruzeiro Esporte Clube

Saudações, Maior de Minas! Sou mais um dos novos colaboradores do Guerreiro dos Gramados. Aqui, neste espaço, vou contar as minhas maiores experiências envolvendo o Cruzeiro, e também algumas análises, reflexões e considerações sobre o time e a torcida. Para começar, nada melhor do que relatar o início desse amor eterno e incondicional por esta Camisa Azul, de tantas glórias e títulos.

A minha maior influência veio de casa. Desde criancinha, me lembro das festas e comemorações a cada grande vitória, a cada título. E que década foi a de 90, não é mesmo? Supercopa, Recopa, Libertadores, Copa do Brasil… Algumas dessas conquistas me marcaram fortemente, mas uma, em especial, me comove quando vem à memória: a inesquecível Copa do Brasil de 2000.

Eu tinha apenas oito anos de idade, já com a convicção de que o Cruzeiro faria parte de toda a minha vida, mas essa experiência me fez ter mais certeza de que o sentimento seria imensurável. Aquela campanha foi toda especial; dos jogos que mais me marcaram, destaco o empate sem gols com o Botafogo no Mineirão (uma partidaça do goleiro André), bem como o empate contra o Santos, na Vila Belmiro, onde, naquele momento, Oséias se tornaria o maior artilheiro de uma só edição da Copa do Brasil, com 10 gols. Mas o melhor estava reservado para o final.

Belo Horizonte, 05 de julho de 2000, um dia cercado de expectativas. O Cruzeiro enfrentaria o São Paulo na grande decisão. Vinha como favorito, pelas boas atuações que teve ao longo da competição, e pelo empate conquistado fora de casa. E sim, amigos, eu estava lá. Mais de 500 quilômetros de viagem pra presenciar uma das partidas mais sensacionais da história do clube. Antes do jogo, a confiança da torcida nos arredores do Gigante da Pampulha era total. O clima de festa estava montado: 50.000 apitos e 30.000 bandeiras foram distribuídos à torcida Celeste. Dentro do estádio, um coro de mais de 90.000 vozes. Era o cenário perfeito!

A partida teve diversos momentos e bem diferentes. No início, a euforia: a torcida fazia uma festa linda. O Mineirão tremeu (que saudades da época que o Mineirão tremia!) pela primeira vez na entrada do esquadrão em campo. Assim que a partida começou, a euforia se transformara em pressão. Jogávamos junto, mas o jogo era complicado; a defesa do São Paulo estava altamente segura, nosso ótimo ataque não conseguia criar. Fim do primeiro tempo, e a pressão já se tornara em ansiedade. Criávamos as melhores chances, mas o placar insistia em continuar no zero.

A ansiedade se tornara em desespero, quando Marcelinho Paraíba bateu uma falta despretensiosa direto para o gol. Era 1×0 para os paulistas, e o título só viria com a virada. Não existia mais esquema tático, era apenas o coração. A torcida tirava forças de onde não tinha para continuar apoiando; eu olhava para o lado, via muitas pessoas chorando, como se o final já houvesse sido escrito.

Saíram Rodrigo e Sorín, entraram Müller e Fábio Júnior; este último marcou o gol de empate aos 35 do segundo tempo. O desespero virara esperança! E um lance, faltando cerca de 3 minutos para o término do tempo regulamentar, foi a chave de tudo. Bola mal recuada para Rogério Pinheiro, Geovanni com uma arrancada espetacular o antecipa e sairia na cara do goleiro. Sairia. O experiente zagueiro fez a falta, antes que o atacante celeste alcançasse a grande área. Eu me lembro de ter pensado: “não acredito que vai acabar assim”. Confesso que não vi a cobrança de falta. O estádio estava todo de pé, e eu me sentei e fechei os olhos. Silêncio… E a euforia, a qual citei ter sido vista no começo da partida, voltara à tona. Ouvi o grito da torcida e, como quem parece não acreditar, fui olhar onde a bola estava. E sim, estava lá! Não vi quem fez o gol no momento, fui ver apenas quando cheguei em casa. Antes da euforia ser completa, por que não mais um pouco de drama? No lance logo após o gol, André fez uma defesa magnífica e Clebão tirou a bola, que ainda ia em direção à rede. “Quer me matar do coração, Cruzeiro?”, pensei.

Ao apito final de Carlos Eugênio Simon, a festa estava garantida. Éramos Tri. E eu, sem saber se gritava, se chorava, se pulava… Era um misto de emoções e sensações que nunca havia experimentado; um orgulho sem tamanho tomava conta de mim. Não digo que esse amor nasceu ali, até acho que foi algo que nasceu comigo, mas ali ele se consolidou, ali eu tive certeza de que ele era eterno.

Histórias como esta, todos nós temos; são elas que nos unem e que nos motivam a estar sempre ao lado do clube, e sempre a apoiar, independente do momento. São elas que nos enchem de orgulho. Enfim, são histórias como esta que fazem com que, cada um de nós, seja Cruzeiro Esporte Clube.

Um abraço a todos!