14 nov Vai ou fica, matador?
Quando um grande jogador não conquista totalmente a torcida de um grande clube, como a do Cruzeiro, é muito fácil se prender a alguns paradigmas para criticá-lo. Ou é sua falta de profissionalismo expressada em demasiadas aparições na noite de BH, em alguns casos é a preguiça, em outros os problemas com a balança… Mas não consigo inserir Leandro Damião em um desses moldes. O camisa 9 veio cercado de expectativas para ser o artilheiro do time. Até é, fez gols no início de sua passagem, está retomando essa boa fase agora, mas não conseguiu se firmar de fato em um time oscilante que necessitava de um goleador confiável.
Desde que chegou em janeiro, emprestado pelo Santos, Damião marcou 18 gols em 44 partidas oficiais. Destas, foi titular em 35, o que mostra que teve boas oportunidades de jogo. O problema aparece quando analisamos a distribuição dos gols: foram 9 no Mineiro e 4 na Libertadores, competições do primeiro semestre. Nas últimas duas partidas, contra Avaí e São Paulo, marcou gols essenciais para a conquista do empate no sul do país e da vitória sobre o tricolor, no Mineirão. O problema é que ficou largos períodos sem balançar as redes, ostentando estarrecedores números: são 5 gols nas últimas 25 aparições. Na tabela, em anexo, a comparação de seus números com os principais atacantes da Série A do Brasileiro na atualidade.
Um aspecto que muito se questiona no centroavante é sua remuneração, bem acima dos padrões. Não vou entrar nesse mérito, porque se ele recebe isso é porque mereceu. Ou, pelo menos, porque os contratantes julgaram que ele merecia. Mas o fato é: pra perder gols, não precisa gastar tanto assim em um jogador. Temos aí Joel e Vinícius Araujo que podem ter o mesmo “rendimento”, e por muito menos. Até mesmo seria válido apostar em um nome da base como Hugo Ragelli, que parece meio esquecido no sub-20 após a transição iniciada no fim da temporada passada. Damião precisa mostrar mais para justificar sua presença entre os titulares e até mesmo sua continuidade em 2016.
O jogo contra o Sport é uma oportunidade excelente. O time tem jogado melhor, Damião voltou a marcar e retornará ao time titular no duelo de amanhã. Sejamos razoáveis, oportunidade realmente clara de gol ele só perdeu aquela contra o Fluminense, mas isso pode acontecer com qualquer centroavante. Precisamos nesse confronto direto que Leandro não desperdice as ocasiões que provavelmente aparecerão. O que será de Damião no próximo ano depende, inclusive, do seu rendimento nestes últimos quatro embates do ano. Se empilhar gols e nos ajudar nessa missão quase impossível pela Libertadores, pode arrumar uma renovação do empréstimo por aqui ou até mesmo uma negociação para a Europa. Se não render, seu destino pode ser o retorno ao Santos, onde não tem clima algum devido aos processos judiciais que move contra o time da Vila.
Confesso que sou simpático a uma continuidade de Damião na próxima temporada, porque gosto muito de ter um centroavante de fato no time. Mesmo que não seja titular, é um elemento útil para a temporada e vamos lembrar, é o artilheiro do time em 2015. Espero que acerte o pé de uma vez por todas e se firme como o camisa 9 que tanto queremos, precisamos e merecemos. Ou siga sua vida em um lugar de menor cobrança, abrindo o espaço para quem, efetivamente, sonha e luta por essa oportunidade no Maior de Minas. Para os próximos jogos, apenas uma recomendação: mete gol, Damião! Fica (mais) rico, meu filho!