A Vitória da Frieza


Memorável.

Se puder usar apenas um adjetivo para descrever o ocorrido na noite de ontem, escolheria “memorável”.

O enredo foi dramático. O final foi apoteótico. Todo e qualquer torcedor cruzeirense sofreu, se preocupou, reclamou. Após o último apito, vibrou, chorou, comemorou. O Cruzeiro chegou à sua sexta final de Copa do Brasil com méritos.

Todos sabíamos que não seria um jogo fácil. Por mais que o Santos tenha seus problemas defensivos, o quarteto de frente é rápido, com muita qualidade de passe e poder de conclusão. Na primeira finalização, o primeiro gol do adversário. Com calma, aplicação no passe e controle de jogo, empatamos, ainda antes dos 10 da primeira etapa, conseguindo manter o domínio sobre os donos da casa. O Santos batia na porta, mas não conseguia ameaçar seriamente a meta de Fábio. Estava (quase) tudo sob controle.

Até que veio o erro…

Fábio soltou a bola dentro da pequena área, e Léo, de forma bem discutível, fez pênalti sobre Rildo. Erros acontecem em partidas de futebol, mas em mata-mata devem ser minimizados. O gol de pênalti trouxe um novo ânimo ao Santos e, por alguns instantes do segundo tempo, o Cruzeiro se perdeu. A posse de bola ainda era nossa, mas as esperanças deles se renovaram. Se tínhamos a técnica, eles se equivaleram com disposição e aplicação. Marcaram o seu gol, o terceiro que, naquele momento, nos eliminava. O jogo estava a mercê do adversário, pela primeira vez, nessa partida de 180 minutos.

Enquanto a China Azul ficava nervosa, o Cruzeiro permaneceu calmo em campo. Por muitas vezes, essa passividade dava a impressão de que o Cruzeiro já havia entregue os pontos, que a equipe não tinha perna para buscar o resultado favorável. Porém, se tratava da volta da característica que mais marcou o Cruzeiro, em toda a sua história: a frieza.

Em nenhum momento, o time começou a buscar os atacantes de forma desordenada. Não conseguia jogar na maior parte do tempo, é verdade, mas não se perdeu no jogo, manteve a organização de antes, esbanjando tranquilidade em um momento delicado. Não houve um abatimento, uma desordem psicológica; houve calma para aproveitar a única chance que, possivelmente, apareceria.

E apareceu. Nos pés de Willian, sinônimo do coração dessa equipe. Com uma fissura na costela, apressou sua recuperação e, em um momento onde se precisava dele, foi à campo, mesmo no sacrifício. Não é por que há frieza, que não há coração. Não é por que o time se manteve calmo, que se entregou ao adversário. Quando teve a chance de matar, matou. E isso, meus caros, será fundamental nesse momento da temporada.

Foram duas finalizações em direção ao gol, no segundo tempo. Dois gols. Preciso, letal. Classificação que entra no rol das tantas páginas heroicas e imortais escritas pelo Cruzeiro Esporte Clube.

Na final, enfrentaremos um velho conhecido. Mesmo que não conseguimos vencê-los na atual temporada, quando valeu taça, ficamos com ela. Toda essa frieza demonstrada na partida contra o Santos, será absolutamente útil para enfrentar um time que intimida os seus adversários, colocando muita pressão. Com o time centrado, colocando a cabeça no lugar, nossas chances de título aumentam um pouco mais.

Que venha a final. Que venha o clássico dos clássicos. Que seja histórico. Que haja festa.

Que seja memorável!

Que venha o Penta! #FÉchadoComOCruzeiro

Por: Pedro Henrique Paraiso