Ansiedade, tensão e alegria


Relato de mais uma torcedora que mal dormiu a noite. Que conseguiu ir ao clássico de ultima hora, saiu de casa com atraso, encontrou Arena lotada e esperou, muito aflita, pelo gol celeste que saiu somente aos 30 minutos do segundo tempo.

Ansiedade, tensão e alegria - Foto: GDG/Douglas PatrícioEu nunca perdi um clássico. Até hoje, fui pé quente, sempre que estive no estádio em dia de Cruzeiro x Atlético-MG, a felicidade foi completa. Foi graças a esse histórico de sucesso nos confrontos contra o Atlético Mineiro que a consciência pesou quando da decisão de não ir ao jogo.

Me ofereceram ingresso, me ofereceram carona, mas não ia dar. Logo para o jogo que a torcida se mostrou animada, esgotando os ingressos em tão pouco tempo, e quando se esperava que os jogadores se redimissem das recentes decepções e honrassem o manto celeste.

A correria começou às 11h30 de domingo e às 14h30, a carona chegou na casa do amigo onde acontecia o aquecimento para o jogo. A primeira surpresa aconteceu assim que nos aproximamos da Arena. Nunca vi tantos carros por ali e foi a primeira vez que tivemos problema para encontrar estacionamento. Não tinha vaga nem no setor da imprensa. Do lado de dentro, nunca vi tanta gente. Era a chance perfeita de reviver a emoção de comemorar um clássico com estádio lotado.

Vi torcedores que pularam muros e portões para não ficar de fora do clássico. Vi atleticanos serem descobertos em meio a China Azul e expulsos, com escolta da PM. Vi a tensão nos olhos de muitos ao meu redor. Torcedores inquietos, esperançosos, mas apreensivos.

Ainda no primeiro tempo, um torcedor que estava ao meu lado me pedia calma. “Você está muito nervosa, primeiro tempo ainda!”. E eu me defendi dizendo “E você tá calmo por quê? O empate é deles!”. E essa tensão reinou até os 30 minutos do segundo tempo.

Eu estava ali, atrás do gol onde Renan Ribeiro não foi capaz de segurar o ataque celeste. Onde, finalmente, Wallyson marcou e fez enlouquecer a torcida cruzeirense. Foi o de sempre, a gente abraça todo mundo, grita mais alto, bate no peito, grita de novo e perde o fôlego.

Enquanto muitos ao meu lado já estampavam o sorriso enorme na face, eu ainda me continha. Ainda faltava um gol, porque aquele 1 x 0 não me convencia. Imaginem só se o melhor goleiro do Brasil não tivesse parado Magno Alves?

A euforia era visível na Arena, mas existiam torcedores que, assim como eu, ainda estavam muito tensos. Ainda havia muito tempo de bola rolando e a sensação de que as coisas não iriam terminar daquela forma. É, faltava ainda o gol de Gilberto. E que golaço. Aí sim eu comemorei sem medo de ser feliz.

Porém, como de praxe, o grito de “é campeão” só viria após o apito final. Coisa minha isso de não gritar antes da hora… Vi os jogadores pedirem mais barulho da torcida, mais gritos, mais cantos, mais palmas. E vi a torcida, já alucinada, atender ao pedido. Foram minutos intermináveis de tirar o fôlego.

Vi Gilberto ser expulso e ser aplaudido. Vi Roger em sua volta olímpica, também sendo expulso e aplaudido. Senti o coração azul celeste bater mais forte. Alívio. Vitória!

Ouvi a torcida cantar o hino e bater no peito com orgulho. É sim mais um Rural pra lista. O tão desmerecido Rural que ganhou importância por ser símbolo de redenção para o time celeste. E também por mostrar aos rivais que não se deve cantar vitória antes da hora.

O título do Campeonato Mineiro de 2011 marcou a primeira conquista celeste na Arena e também a primeira vitória em clássico diante somente da torcida cruzeirense. Espera-se que, depois dessa conquista, o time siga forte para o Brasileiro. Ainda queremos um título de grande expressão.

PARABÉNS, CRUZEIRO! Parabéns, Guerreiros!