Apelando para o sobrenatural


Estou sofrendo. Juro. Ficar vendo meu time ali no finzinho da tabela não combina com meu estilo de vida vitorioso e cruzeirense. É muito sofrimento, desgaste, preguiça… complexo de vira latas, para falar bem a verdade. E já começo a acreditar em macumba , urucubaca, trabalho, alguém fez alguma coisa sobrenatural para o Cruzeiro! Essa situação é muito sobrenatural.

Foto - VipCommO assunto da semana foi a incerteza sobre a permanência de Cuca no comando do time, e esse assunto sempre estará em pauta após cada derrota, sendo Cuca o técnico ou qualquer outro, porque a verdade é que as discussões pontuais do futebol não passam de obviedades. A pergunta é: esse é o alvo certo da polêmica? Cuca realmente deveria ser o cara cuja cabeça está prestes a ser entregue em uma bandeja?

Não é Cuca ou qualquer outro técnico, de qualquer time de futebol, que vai entrar em campo e fazer os gols. Seu único labor consiste em montar um grupo de onze pessoas capazes de fazer isso. O problema é quando o responsável por fazer isso tem várias cartas na manga, mas os curingas se comportam como ás de paus todas as vezes que se precisa deles.

O time era visto como o melhor do Brasil e não ganhou nenhuma das quatro rodadas. Se perder a quinta, o técnico obviamente irá sucumbir. E será essa a saída certa? Os jogadores que ainda não fizeram nada no campeonato irão fazer a partir disso, com outro técnico?

Se a resposta para essas perguntas for “sim”, pressinto algo errado. Penso que, ou a macumba está em cima do técnico, ou quem deveria ser mandado embora, se isso viesse ao assunto na próxima semana, são os jogadores corpo mole. O cara pode ser o craque, se ele não respeita uma hierarquia tão óbvia quanto a clareza de quem comanda um time, ele não serve para trabalhar em equipe, não tem disciplina e tem que conhecer o olho da rua. No futebol nem sempre é assim – vide o caso Neymar versus Dorival Júnior.

O negócio é que, para 100% da torcida, o jogo contra o América pode terminar somente em vitória para o nosso lado. Aí, até a próxima rodada, muitos cairão no esquecimento das notícias dessa semana…que foram maquiadas por outras notícias que ainda não vieram à tona, mas são tão óbvias que eu não sei como ninguém enxerga. Já mudamos de técnico 850 vezes desde 2003 e nada ganhamos de expressivo. Já batemos na trave diversas vezes e, até onde me lembre, isso envolveu corpo mole de uma parte do elenco, que sempre foi, aos olhos dos outros, de primeira qualidade (e a grama do vizinho é sempre mais verde…), nas mãos de técnicos que foram taxados, muitas vezes, de “segunda” pela torcida. Porque na hora que perde, pouco importa se Ramires estava vendido, Wagner estava insatisfeito com o prêmio para o campeão ou Gérson Magrão era uma avenida a bel prazer que jamais voltou a jogar pelo Cruzeiro depois da derrota crucial. A culpa era do técnico, que não botou Sorín. Perdeu por incompetência do técnico, que levou o time até a final para, lá, resolver que não queria mais ser campeão e jogar a maior chance da sua carreira no lixo porque não estava fazendo nada, mesmo, e resolveu polemizar para dar alguma graça ao circo.

Cuca tem o maior plantel do Brasil, mesmo não ganhando até agora. E o maior plantel do Brasil tem Cuca, um dos maiores técnicos da atualidade. Não acho que o problema seja unilateral, não acredito nem que Cuca esteja perdendo as rédeas da situação e não quero acreditar que tenha jogador crescidinho fazendo birra para o chefe ir embora. Quem faz isso merece a cartinha amarela por justa causa. A responsabilidade do jogador é jogar, e não julgar o trabalho de seu superior. Essa responsabilidade é nossa.

Então vamos lá pra ver o que será, no sábado, contra o América Vizinho. Vamos lá pra ver se isso é um caso crucial de bipolaridade, onde alguém não sabe o que quer e ainda não se deu conta de onde trabalha, ou só macumba de fato. Eu acredito nessa possibilidade. Afinal, estou sofrendo com esse décimo sétimo lugar que deveria estar sendo ocupado por outro clube que está mais acostumado a isso. E “macumba de fato” tem treze letras, né Zagallo? E treze…