Geovanni figura histórica da Copa do Brasil de 2000


Qual torcedor do Cruzeiro que não se recorda daquela eletrizante final da Copa do Brasil de 2000? Como não se lembrar daquele jogo difícil, complicado e aparentemente perdido, depois que Marcelinho Paraíba fez o primeiro gol do São Paulo aos 20 minutos do primeiro tempo? Foto: Divulgação/Internet Não há como esquecer.  Sem dúvidas que todos os apaixonados pelo Cruzeiro se emocionaram bastante ao ver o time virar a partida na raça, no finzinho do jogo. E o gol da vitória veio dos pés de Geovanni, que fez mais de 85 mil presentes no Mineirão vibrarem e se orgulharem mais uma vez de torcer pela Raposa. Conheça agora a trajetória do jogador, que foi protagonista de uma conquista memorável na história do time celeste, até hoje presente na lembrança de todos os adeptos do clube.

Geovanni Deiberson Mauricio Gomez nasceu no dia 11 de janeiro de 1980, na pequena cidade de Acaiaca, de 3 mil habitantes, localizada na Zona da Mata, no interior de Minas Gerais. Em sua adolescência, veio para Belo Horizonte para fazer testes nas categorias de base do Cruzeiro e foi aprovado. Era um jogador extremamente versátil, que se encaixava em qualquer função que o colocasse do meio para frente, seja como armador, ponta ou até mesmo centroavante. Devido ao grande potencial que o garoto demonstrava no juvenil, logo foi promovido ao profissional.

Poucas chances no início

Geovanni fez sua estréia pela equipe principal com apenas 17 anos de idade, no Campeonato Mineiro de 1997. Naquela ocasião, o Cruzeiro derrotou o Mamoré por três a um, no Mineirão, com Geovanni participando do segundo tempo da partida. Mas devido à forte concorrência no ataque da Raposa naquela época, o jogador não teve muitas oportunidades, disputando apenas sete jogos no Campeonato Brasileiro e não marcando nenhum gol.

No começo da temporada de 1998, Geovanni fez parte do elenco que conquistou o Campeonato Mineiro sobre o Atlético-MG, na final. Mas com poucas chances, foi emprestado ao América para a disputa do Brasileirão. O atacante teve uma discreta passagem, marcando apenas um gol em 15 partidas pelo torneio. O time do Coelho fez uma campanha bastante irregular, sendo rebaixado na última rodada, depois de um empate por 1 a 1 contra o Palmeiras, no Estádio Independência.

Em 1999, depois de um fraco início do Cruzeiro, com o clube sequer chegando à final do estadual e sendo eliminado da Copa do Brasil ainda na segunda fase, o time celeste melhorou no segundo semestre e fez uma boa campanha na primeira fase do Campeonato Brasileiro. O técnico Levir Culpi deu mais oportunidades a Geovanni, que conseguiu fazer bons jogos na competição. Anotou dois gols: um na vitória de 3 a 0 sobre o Atlético-MG e o outro no empate por 3 a 3, contra o Santos. O Cruzeiro acabou sendo eliminado pelo próprio Atlético-MG, nas quartas de final, com duas derrotas: 4 a 2 e 3 a 2.

Ano 2000: surge o ídolo Geovanni

Não restam dúvidas de que 2000 foi o ano de Geovanni surgir como novo ídolo do Cruzeiro. O jogador teve um excelente desempenho durante a temporada e se especializou em cobranças de falta. Nas duas primeiras competições do ano, o Cruzeiro terminou ambas como vice-campeão. Perdeu o Mineiro para o Atlético-MG (com Geovanni fazendo o gol em uma das partidas) e a Copa Sul Minas, na decisão contra o América Mineiro.

Depois de dois fracassos, restava a Copa do Brasil e a Copa João Havelange (Brasileirão). A primeira competição foi onde Raposa se superou e que Geovanni se consagrou como lenda do clube. Foram 11 partidas e cinco gols marcados, sendo o último deles um dos mais importantes de toda a história do clube. Foi no segundo jogo da final contra o São Paulo, no Mineirão, onde até então o Cruzeiro empatava por 1 a 1. O resultado dava o título para os paulistas, pelo critério de desempate, já que o primeiro jogo havia terminado em 0 a 0, no Morumbi.

Chegando quase ao fim da decisão, o São Paulo tentava segurar o jogo, com toques de lado e muita catimba, já que o Cruzeiro era empurrado por mais de 80 mil torcedores e estava em êxtase devido ao gol de empate, marcado por Fábio Júnior aos 35 minutos do segundo tempo.

O lance do gol da virada foi uma mistura de raça, esperteza e vontade de Geovanni. O jogo chegava aos 42 minutos da etapa complementar, quando o volante são-paulino Axel atrasou uma bola de maneira equivocada em direção ao seu companheiro, o zagueiro Rogério Pinheiro. Percebendo o erro do adversário, Geovanni, que partia de frente, apostou corrida em direção à bola e ganhou na velocidade. Rogério Pinheiro não encontrou outra alternativa e o segurou pela camisa, na entrada da área, fazendo a falta. O capitão do São Paulo levou o cartão vermelho pelo lance.

Um gol inesquecível

Geovanni e Ricardinho eram os que se aproximavam da bola para a cobrança da infração. Rogério Ceni, goleiro do São Paulo, colocou cerca de seis jogadores na barreira, a fim de tapar a visibilidade dos batedores cruzeirenses. O volante cruzeirense Donizete Oliveira também se posicionou ao lado da barreira são paulina. Antes de se concentrar para chutar, Geovanni ouve alguma coisa dita por Müller, e balança a cabeça positivamente.

Ao disparar o chute forte, em direção à barreira, acontece algo diferente. Donizete Oliveira dá um tranco no homem base da barreira do São Paulo, que se desequilibra toda, como se fosse uma espécie de dominó sendo derrubado. A bola toca entre as pernas de um jogador e engana o goleiro Rogério Ceni, que não consegue alcançar a bola.

Festa no Mineirão, a torcida não acredita no que vê. O que parecia improvável, se torna real. O Cruzeiro vira o jogo através dos pés de Geovanni. Um jogo praticamente perdido, devido à qualidade e a dificuldade que a equipe do São Paulo impôs à Raposa, é totalmente revertido através de um lance antológico. Todos entoam o nome de Geovanni no estádio, e o jogo termina com o terceiro título da Copa do Brasil conquistado pelo Cruzeiro.

O sucesso no Brasil e o fracasso pelo Barcelona

Foto: Divulgação/InternetAs boas atuações de Geovanni, na Copa do Brasil renderam uma convocação para a Seleção Brasileira que disputou as Olimpíadas de Sydney, em 2000. O Brasil não fez uma boa campanha, sendo eliminado pela seleção de Camarões nas quartas de final. Mas o atacante cruzeirense mostrou qualidade, sendo chamado também para a seleção principal, que era comandada pelo técnico Vanderlei Luxemburgo. Na Copa João Havelange, Geovanni marcou sete gols em 22 jogos disputados, na campanha que levou o Cruzeiro às semifinais da competição.

Em 2001, o Cruzeiro conquistou a Copa Sul Minas em cima do Coritiba e chegou às quartas de final da Taça Libertadores da América, sendo eliminado pelo Palmeiras, na decisão por pênaltis. Geovanni teve grande atuação nas duas competições e acabou despertando a atenção dos dirigentes do Barcelona, da Espanha. Foi vendido ao clube catalão pela quantia de US$ 18 milhões, sendo na época, a maior venda da história do Cruzeiro.

Chegou ao Barcelona com status de grande reforço, recebendo a camisa de número 22, mas não conseguiu render o brilhante futebol que jogou pelo Cruzeiro. Em 43 jogos disputados pelo time espanhol, Geovanni conseguiu marcar apenas três gols. Sem chances no Barça, o meia foi emprestado ao Benfica de Portugal para a disputa da temporada de 2003. Lá ele conseguiu emplacar a sua melhor fase no futebol europeu, conquistando um Campeonato Português, uma Taça de Portugal e uma Supertaça, assim também conquistando o carinho da torcida benfiquista.

A discreta volta ao clube e o retorno ao velho continente

Depois de cinco anos atuando na Europa, Geovanni foi repatriado pelo Cruzeiro. Foi recebido com grande expectativa no começo, pois a torcida esperava que ele repetisse suas grandes atuações da primeira passagem pela Raposa. Mas dessa vez, o rendimento dele pelo time celeste foi apagado, marcando apenas três gols em 26 partidas.

No meio de 2007, Geovanni rescindiu seu contrato com o Cruzeiro e acertou com o Manchester City, da Inglaterra. Teve um bom início pelos Sky Blues, inclusive marcando o gol da vitória da equipe em uma partida contra o rival Manchester United. Mas depois entrou em decadência, logo sendo dispensado pelo clube.

Na temporada 2008/2009, ainda na Terra da Rainha, Geovanni foi contratado pelo Hull City, recém promovido para a Premier League. Teve grande destaque em seu primeiro ano no clube, sendo o principal jogador da equipe na razoável campanha dos Tigers na competição. Atuou em 34 partidas, marcando oito gols. Em 2010, Geovanni não renovou com o Hull City e teve uma rápida passagem pelo San José (EUA), antes de acertar com o Vitória no início do ano de 2011, para a disputa do Campeonato Baiano e da Série B do Brasileiro.

Ficha Técnica

Nome: Geovanni Deiberson Maurício Gomez
Data de Nascimento: 11 de Janeiro de 1980
Naturalidade: Acaiaca/MG
Altura e Peso: 1,72m e 67 kg
Posição: Armador e Atacante
Clube Atual: Vitória/BA
Clubes em que jogou: Cruzeiro (1997/1998), América Mineiro (1998), Cruzeiro (1999/2001), Barcelona/ESP (2001/2002), Benfica/POR (2003/2006), Cruzeiro (2006/2007), Manchester City/ING (2007/2008), Hull City/ING (2008/2010), San Jose/EUA (2010) e Vitória (2011).

Seleção Brasileira Principal: Disputou os Jogos Olímpicos de Sydney (AUS) em 2000 e a Copa América de 2001.

Estatísticas pelo Cruzeiro

Jogos: 184
Gols: 47

Títulos pelo Cruzeiro

Recopa Sul Americana (1999)
Copa Centro Oeste (1999)
Copa dos Campeões Mineiros (1999)
Copa do Brasil (2000)
Copa Sul Minas (2001)
Campeonato Mineiro (1997 e 1998)

Rafael Laerte Mendes Arruda (@rafaelfeto), é natural de Esmeraldas-MG, tem 18 anos,estudante de Jornalismo do Uni-BH. É fanático por futebol desde a sua infância, quando aos 3 anos de idade, ganhou sua primeira camisa do Cruzeiro, presenteada por seu pai. Desde então, Rafael tornou se um apaixonado pelo clube, frequentando quase todas as partidas no Mineirão. Já esteve presente em vários estádios, como Morumbi, Arena da Baixada, Pacaembu, Engenhão, sempre acompanhando o Cruzeiro aonde for.