O Mundo de Cruzeiro


Hoje eu acordei numa preguiça de escrever… a única coisa que explica essa fadiga momentânea é partilhar completamente do momento do grupo. Porque, claro, o grupo do Cruzeiro deve estar cansado, fadigado, preguiçoso , pois a única coisa que explica a tabela do Campeonato Brasileiro é o meu time partilhar completamente da minha moleza de viver.

O Mundo de CruzeiroE não estou nem um tiquinho assim esperançosa de que o Cruzeiro vá operar um bom futebol contra o Fluminense, na Rio de Janeiro, e que também precisa dos três pontos, visto que o time carioca também teve uma estreia pífia no campeonato brasileiro. Mas, diferentemente do Cruzeiro amado, se reergueu, ganhando três pontos fora de casa.

“Ah, Laís, mas eles ganharam três pontos fora de casa diante de um adversário bastante inexpressivo”. É mesmo? Alô torcida do Figueirense, aquele abraço.

A nossa chance de esmagar o Palmeiras com a sola da chuteira e exorcizar 837 demônios na disputa dos Palestras passou batida, independente de o time ter jogado “bem”, “mal” ou “etc”. O campeonato brasileiro, diferentemente dos outros torneios que estamos sempre disputando, premia aquele que tem consistência e regularidade o ano inteiro, e tudo o que a China Azul viu, até agora, foi inconsistência e irregularidade. Não dá para dizer que esse é um retrato do que o Cruzeiro vai apresentar durante o ano, mas também não dá para achar que ele vai ressurgir como fênix das cinzas na hora que achar que precisa “parar de brincar no campeonato brasileiro”. Epa. Essas aspas nem são de Cuca…

Estou lendo um livro muito do bom, chamado “O Mundo de Sofia”, e acabei agora um capítulo sobre Platão, filósofo que dizia existir dois mundos: o “mundo dos sentidos”, que é essa realidade, onde vivemos, e “o mundo das ideias”, onde as coisas existem muito antes de começarem a existir no mundo dos sentidos, sendo, assim, imortais.

Bom, no “Mundo do Cruzeiro”, nosso mundo das ideias é um time que vai brigar, vai tentar tudo, e vai recuperar o tempo perdido enquanto ainda há tempo, pois aquele lugarzinho ali da tabela já está começando a dar coceiras. Precisamos sair. Mas, no “mundo dos sentidos”, o Fluminense é um adversário gigante, que também precisa recuperar seu tempo perdido, dentro de casa, diante da torcida, e que tem peças fundamentais no elenco para conseguir a vitória. Fora que é o atual campeão brasileiro e, querendo ou não, esse título pesa até que se encontre um novo dono para a taça.

Não quero ser uma filósofa fatalista (no sentido de achar que tudo está prejulgado pelo destino), mas um pouco de realismo e canja de galinha nunca fez mal a ninguém. Nunca deixo de acreditar no meu time, mas não ficarei surpresa se o resultado não for aqueeeeeele resultado de encher os olhos, porque o “mundo dos sentidos” do Cruzeiro só mostra que para ganhar do Fluzão no Engenhão em pleno sabadão, vai ter que suar bastante o manto sagrado. E eu continuo achando que o nosso elenco está bem de preguicinha.

Já ouvi várias pessoas dizendo que o elenco não está mal das pernas, e nem dos joelhos, o que eles querem é tirar o Mestre Cuca da jogada. Eu não sou especialista da área e nem entrei no Cartola esse ano porque, como treinadora de futebol real e/ou fantasia, eu sou uma ótima tuitadora.

E queria ter esse poder de mobilizar todo mundo ao meu redor no discurso de “não vamos render muito porque se o chefe cair, melhor pra gente”, mas no “mundo dos sentidos” eu não tenho nem essa manha e nem o contracheque necessário para tal atitude. Fora que, no “mundo das ideias”, isso daria um certo alento ao grupo. Mas, no “mundo dos sentidos”, todos se desvalorizam; afinal, futebol é feito de momentos. Você perderia o seu para jogar outro na lama?

Enfim, vamos lá pra ver o que vai dar, e eu espero que o que dê, apesar de todo o realismo ao qual tento ficar atada, sejam três pontos na sacolinha desembarcando diante de todo o caos aéreo do Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Esperança é um urubu verde, afinal de contas, e nesse livro mágico que leio há uma frase que diz que “a única coisa de que precisamos para nos tornarmos bons filósofos é a capacidade de nos admirarmos com as coisas”. Então digo que “a única coisa de que um homem precisa para se tornar um bom jogador de futebol é a capacidade de fazer seus torcedores se admirarem com as coisas”. Com as coisas boas, vamos completar. Porque ultimamente eu ando admirada é com o quanto o Cruzeiro não anda sendo o gigante que ele sempre foi.